Haveria ainda salvação?
Salve-me agora! Ou, então, desapareça de uma vez por todas. Já que hoje o "para sempre" não se pode ser levado ao pé da letra, desejo que ao menos esse sumiço assim o seja. Que deixe de ser esse fantasma que tanto me amedronta, assusta, apavora; que sempre me assombra de algum modo. Que a cada nova lembrança que me retorna à mente me deixa cada vez mais próximo desse precipício sem fim que me permiti adentrar ao te conhecer. Ao deixar que entrasse em minha vida pela porta da frente. Sem sequer imaginar tudo o que viria posteriormente a acontecer. Hoje sei que fiz tudo o que podia por você. Por nós! Abdiquei de muito do que acreditava ao me deixar levar por todo aquele sentimento. Que ainda existe tão forte aqui dentro. Mas agora eu pergunto: o que restou? Simplesmente, nada! Esse nada que sou em sua vida. O nada que você deveria simbolizar na minha. Infelizmente, de minha parte, muito ficou. E é esse muito o que agora me impede de ser livre. Livre para "voar". Livre para sonhar. Livre para viver. Livre para então poder amar quem quiser, acima de tudo e de todos, me amar também. Quando, para que eu não me sinta tão vazio, não seja mais preciso que continue, dessa maneira, alimentando todo esse sentimento que tenho devotado a quem acredita o conhecer. Mas que na realidade, não conhece nem a metade. Não pode sentir nem mesmo uma parte de tudo isso que ainda sinto. Que talvez jamais volte a viver o que foi algo tão forte, tão vivo, tão puro, tão ardente. Tão sedento desse amor que tanto esperamos. Mas que hoje já está morto. Tal qual uma das partes envolvidas. Que apesar dessa morte parcial, ainda espera e acredita que, ao seu tempo, ressurgirá das cinzas que sobraram de tudo aquilo que um dia, distante ou não, talvez tenha sido mesmo amor.