Transmudação do ser
Ande Mulher Guerreira de ânimo viril, levante, me encante como fazias antes de tudo. Vá primorosa donzela ainda há tempo de se libertar dos braços desse embaçador que há cerca. Excomungada individualidade, minha medíocre individualidade…. Magnificente Mulher como pode, isto é ilusão, assim como a vez que me retirei de campanha desertando da batalha, do trabalho da jornada, uma ilusão criada uma ilusão anunciada, santa tragédia…
"Fiz de mim o que não soube e o que podia fazer de mim não o fiz."
Penso tanta coisa, como poderia eu não fazê-lo, como poderia eu me calar como posso aceitar toda essa ficção toda essa acomodação do populacho…? Como posso ser o que não sou? Não… Não pretendo mudar nada nem a ninguém, este não é meu propósito. Não trago nenhum tratado, nenhum manual nem mesmo um ideal, busco a transmutação, transmudação do meu eu, não mais no principio da razão e assim transcendendo ao mar da intuição…
Oceano majestoso, me leve com você, Homem do mar, assim me chamarão quando um ano se passar e eu ainda lá ofegante a navegar… Sim! A petulância já não me é mais interessante, talvez nunca me tenha sido…
A intuição já se faz “minha amiga,” Desbravante* sim um caminhante, um caminhante noturno diurno um gira-mundo… minha alegria já não é; não é aquilo que um dia foi apreciado, compartilhado e vivenciado, é tudo muito louco quando se pretende encontrar ordem na loucura, assim como ao sentir a água apreciada na mais pura calma, na leveza do gole sentira todo magnífico despertar do primoroso paladar, no plural e não no singular. Há mais verdade na água do que toda ciência barata.
És tão diligente, és tão afável formidável Donzela, porque insistes? Estou tão mareado, deixe-me seguir, seguirei meu norte. Sigo em busca de minha regeneração, não a esta degradação que está fadada toda uma geração… Regeneração espiritual...
Às vezes fico ouvindo o nada tentando escutar o ar me chamar e as ondas quebram e o vento sopra, ei de me encontrar nas águas do mar.
Se achas que já me é passada a hora de buscar, lembre-se que para a verdadeira busca já mais existe um tempo inadequado, a certeza da morte nos segue sempre, portanto eu abraço o dia de hoje, convencido que agora é a hora de buscar, hora de levantar, hora de acordar. Sidarta não era tão mais velho que eu quando iniciou sua busca pela fuga definitiva e alcançou a iluminação e o entendimento… Cuidadoso e intuitivo seguirei o meu caminho.
(Arthur Marchesini das Neves)