O meu adeus.
Querido meu,
Como estás? Espero que bem, muito bem.
Infelizmente, este escrito não surge com o intuito de te trazer boas notícias, entretanto é a minha sinceridade que registro aqui. Não poderia continuar evitando este momento e permanecer com uma maquiagem que me esconde e pesa a face. Cansei de me pintar pra ti. Tomei coragem e, enfim, decidi lavar o rosto e despir meu coração.
Não posso mandar em meu coração, se isso fosse possível, não tenhas dúvida de que escolheria te amar muito e sempre. Contudo, as raízes que sustentam o meu íntimo não são definidas pela minha razão, então, resta-me abraçar o que sinto e não permitir que o esconderijo me roube outra vez. Quero ser devolvida, por isso te escrevo revelando os meus sentimentos.
Sinto em te dizer, mas o teu abraço não me acalenta como outrora, o teu beijo não sacia mais a minha sede, o teu colo não conforta o meu corpo como fazia há um tempo, as tuas palavras não adocicam os meus ouvidos como antes, o teu sonho não se casa mais com o meu, o teu caminho me foge dos pés, a tua mão não me convence a permanecer contigo.
Quem errou? Ninguém. Não há culpado. O que acontece, querido, é que aquele sentimento lindo que tive por ti se despediu de mim, levantou e foi embora sem anúncio prévio. Tentei resgatá-lo, busquei reanimá-lo, todavia não obtive êxito. Chegou o fim? Não. Prefiro afirmar que chegou o recomeço. Novos caminhos farão parte de nossas janelas. Outros passos serão dados. Mãos diferentes passearão pelo nossos corpos. Outros olhos contemplarão os nossos.
Sim. A mudança nos assusta. O novo incomoda. Porém, a certeza de continuar caminhando pode nos dar a esperança de um dia sorrirmos como muitas vezes fizemos juntos. Soframos, pois, com a dor da partida. Mas, alegremo-nos, portanto, com a alegria que de nós se aproxima.
Deixo-te um beijo de despedida e um prenúncio de muitos outros que virão de lábios diferentes.
Cuida-te, meu querido.
Adeus.