Querida Confiança,

Eu sei que andei despejando-a aos montes pelos cantos- e meios, se me permite dizer-, como se fosse um bem

inesgotável que, cá entre nós, feliz ou infelizmente, não o é. Aliás, nem o famoso amor eterno tem tido esse

privilégio de uns tempos para cá, para se ver!

Entretanto, quero lhe informar, para que não temas mais, que, como uma pirralha fantasiada de adulta que

sou- e como sou- fui ao banco e abri uma poupança. Depositei-a toda, Confiança. E só a usarei novamente em

caso de extrema necessidade, como, gentilmente, me alertou o gerente. “Quem guarda tem”- ele disse- “Afinal,

mocinha, Confiança é como planta: Não nasce em solo desgastado, há muito judiado.”

E deixo claro, mesmo que seu s irmãos Respiração Acelerada e Carinho lhe aticem para sair às ruas gritando

“liberdade!”, lembre-se, escute mais o seu pai, Coração. Que não, não manda em você, é claro, mas, afinal, ele

é o único que pode manter a vida com ritmo eterno de Carnaval ou com o aconchego do Natal, como preferir e

quando preferir. Essa é a senha, entendeu?!

E isso, é para o seu próprio bem e, talvez, porque não, meu também?!