... e morrer já não será mais solidão.... então...

A solidão é um território inóspito e escuro onde a alma vagueia tateando as lembranças; Não é um lugar de repouso e nem sequer se acha nela alguma guarida. A solidão na verdade é um vale da sombra e da morte cheio de chacais e de lodo em cujo caminho se tem à direita um paredão de rochas e aos artelhos esquerdos um abismo de insondável profundidade.

A grande verdade é que ao sermos lançados para dentro desse território, sequer levamos conosco algum alforje com suprimentos e água. Passamos a viver pelo ocaso e na incerteza de um outro dia estar ali, vivo, lutando. Na obscuridade das trevas cada passo parece uma jogada de pôquer - podemos ganhar tudo ou perder até o que não temos. Jogar não é um convite, é uma imposição para a sobrevivência. Ademais, se pararmos por algum momento, certamente que seremos devorados por uma ilusão tão violenta que arrebatando nossos sentidos quer sorver nossa carne, macular nosso corpo, romper-nos as entranhas de estranháveis sensações;

Quanto tempo podemos suportar a solidão? Escrevi esse texto na noite de natal de 2012 e para a posteridade deixo escrito que na madrugada em que dei vida á esse texto a minha alma caminhava pelos tracejados caminhos que descrevi. Desde o corpo da mulher amada, a minha alma tem sido andante sem destino; cada dia que passa mais se encerra nessa solidão e vazio cujo fim não consigo vislumbrar. As vezes tenho a sensação que nasci para estar só. Ora, vejam: Ando só, trabalho só, escrevo e toco violão e teclado, sempre solitário... adormeço só, acordo só... como só... e só, vivo sem ninguém e mesmo rodeado de multidão a minha alma está desconexa das demais, como se não houvesse estado ali... Já cheguei a imaginar que a vida é feita para viver sozinho porque na morte sozinho serei encerrado em uma tumba fria e ali deixado, pois que se na vida não tive cortesia, na morte não deixarei saudades...

Não escrevo como se fizesse alarde, pois sei que há alguns que a seu modo se lembram ou se “preocupam” comigo... o que me pergunto é se realmente sou eu ou seus próprios interesses que estão em questão... não importa..se no fim tudo se resume em morrer... e morrer já não será mais solidão.... então...

FidelisF
Enviado por FidelisF em 27/12/2012
Código do texto: T4055783
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