Diário de Bordo I – O Gosto

Às vezes as vontades surgem como relâmpagos e iluminam tudo, e com seu barulho movimentam toda mente. Vontade de comer doce, de roer a unha, de matar alguém, ou de morrer. Vontade de voar e conseguir respirar por muito tempo debaixo d’água, de florescer, de dar a vida, de beber água gelada ou suco de maracujá me da água na boca.

A salada de domingo, cheia de limão e sal, com alface e tomate, que a meninada tava adorando comer e beber o caldinho, hmm, isso me da gostinho de ter gosto por alegria, da até vontade de voltar pra casa, e tê-los todos novamente esperando ansiosamente pela salada pronta. O simples fato de que alguns só comiam tomate e todos os outros quisessem alface e tomate fez a casa se encher de risadas, gargalhadas e olhos observadores. Ao me olhar riram, por ver quão grande era a vontade de comer logo aquela coisa verde amassadinha e vermelho arredondado. No fim, o caldo azedo e cheio de sal, que posteriormente daria dor nos dentes, deu até briga, alguns até a semente do limão engoliram pelo desespero; ali, ninguém se continha, e se conter pra quê? Uns seis tomates e de limão, foram uns quatro, e sal, muito sal. Misturava a mistura, e escutava ‘coloca mais sal’. Momento de grande alegria.

Tardes de domingo às vezes são contagiosas, misteriosamente prazerosas, e fica até história pra contar.

Laura Aquino
Enviado por Laura Aquino em 27/12/2012
Código do texto: T4055273
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.