Gostaria de estar lá, não aqui.
Talvez por lá minha condição fria, distante, ausente, fosse mais compreendida ou menos repulsiva.
Espero não ser, mais uma vez, incompreendido, não quero com isto qualificar aquela região e seus habitantes e generalizar que todos eles são como eu, apenas imagino que a área e sua condição geográfica, climática,  propicia uma condição humana mais introspectiva, menos expansiva, que por aqui chega a ser quase que uma imposição, uma cobrança...
Questão de identificação, quem sabe de conexão, de ligação, de racionalização.
Sou assim, mais do frio, da noite, do silêncio, do vazio, do sono, da calma, da solidão, da frieza da alma, do coração que não sente, apenas se resente de não poder ser como eu gostaria de ser , e de apenas ser eu verdadeiramente.
É, como eu gostaria de estar lá, não aqui...
Mas acidentes acontecem e eu estou cá, não lá, e cá vou ficar não se sabe até quando, em outro lado, em outros ângulos, fingindo meus sentimentos e só arrependimentos de não ser verdadeiramente eu, repulsivamente tímido, repulsivamente medroso e covarde de mostrar e demonstrar toda a minha amargura, desprezo, nojo, asco, de todos e de mim mesmo, isso mesmo, mais de mim mesmo que dos outros.
Enquanto isso apenas divago, e em vagas viajo, em sonhos, teletransporto-me e de repente parto, e de repente vejo-me lá.
Dinamarca de outras marcas de vivência e carência amarga.
Finlândia de outras terras de pedras e outras lândias.
Suécia de outros movimentos, não só inércia.
Noruega de toda a beleza bela, nada brega. 

Lamento, mas não me sinto pertencente a este lugar...
Gostaria de sentir-me diferente, verdade, contudo não me sinto à vontade aqui, não sou bem-vindo, sou um estranho no ninho, um estranho em uma terra estranha, não sou residente nem turista, nenhum vínculo, nenhuma ligação,  insanamente ausente.
Bem, amanhã talvez pense diferentemente de agora.
Por ora é o meu pensar e o meu pesar.
Talvez quando eu lá estiver, vou não mais querer aquele lugar e sentir que aqui é o meu verdadeiro lar.
Eterna insatisfação humana?
Vauxhall
Enviado por Vauxhall em 24/12/2012
Código do texto: T4050973
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