PAPAI NOEL
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E, de novo, eis-me a tua espera: mais um Natal se acerca. Tu não terás mudado: imagino-te envergando a mesma indumentária e a longa barba ruiva no rosto de amor que contagia. Mas eu, sim; desde tua última visita, vejo-me menos jovem.
Não é o passar dos dias, meses, anos que me desgastam; algo mais me envelhece, enfadonha e consome. Bem sei que essas palavras aguçam tua curiosidade. Pois bem: se quiseres saber a que me refiro, a tua chegada aqui, que próxima já está, ouse ligar o rádio, sintonizar um canal de televisão, atentar para as manchetes estampadas nas capas de revistas e as notícias às páginas internas dos cotidianos.
Falam do imenso vazio de espírito do Natal, da resistência ao plano salvífico, do boicote ao projeto messiânico. A propósito, Papai Noel, sugestivo seria trazer em teu fardo "mea culpa" em redobrada quantidade, boa porção de arrependimento e um frasco, digo, um contenedor do essencial temor ao outro Pai.
Este seria o melhor presente, para o presente e para os tempos a seguir. Nós nos encontraríamos em tua alegria, ali ceiaríamos e, então, verdadeiramente poderíamos celebrar
Feliz Natal.
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