Meus meninos...

Hoje eu só os tenho em meus sonhos, meus lindos, fortes, corajoso e honestos, meus meninos.

Desde sempre muito desejados, antes mesmo d'eu saber o que queria para minha vida, uma certeza sempre foi forte em mim, te-los, meus meninos.

Já imaginava seus rostinhos, mãos, o timbre da voz, suas profissões, suas risadas, as nossas férias, as tarefinhas de casa, os esportes preferidos. Era como se já estivessem aqui, me rondando, em espirito, me dando força para seguir em frente, até o momento de luz, o momento em que eu finalmente iria ver meu sonho se tornar realidade.

Seus nomes ecoam em minha mente e soam pelos meus lábios, todas as noites, quando peço ao divino espirito santo, que cuide de vocês para mim, até o momento em que eu possa te-los em meus braços e possa fazer, eu mesma, esse trabalho. Trabalho de cuidar, amar, beijar, orientar, e passar para vocês tudo que eu aprendi com os melhores pais do mundo, os meus, seus avós.

Sonhei com seus nomes, sonhei com todos vocês em meus braços, Miguel, meu primogênito, tão doce e meigo, compreensivo, meu caboclo de cabelos pretos e olhos amendoados, em meus braços ao embala-lo para dormir, contava-lhe histórias enquanto via o seu sorriso iluminado se fechar num sono tranquilo. Cheirinho doce, pele macia, gênio tranquilo. Quantas lagrimas derramei ao acordar e perceber que tudo aquilo não havia passado de um sonho, e doía sentir que o meu amor não foi um sonho, você foi muito real.

Dom, meu pequeno, em sonho você me disse o seu nome, "Deo Optimo Maximo". Tão diferente do Miguel, feição sisuda, como se já tivesse vivido muito, olhar fechado, apesar de transmitir muito carinho, sorriso muito raro de aparecer. Pele rosada, com bochechinhas bem redondas, olhos cor de mel, mãos grandes e que apesar da sua pouca idade demostravam muita força. Definiria o seu cheirinho como especial, único, você tinha cheiro de vida, cheiro de campo, e ao segura-lo em meus braços eu não sentia medo, você me transmitia segurança, era como se dissesse para mim que tudo ia dar certo. Dom da minha paz, Dom da sabedoria, meu Dom.

Meus terceiros, Francisco e Raul. Meus carinhos, meu desespero. Tão unidos, tão bagunceiros, parece até que foi encomenda. Chorões, agoniados, pareciam até que já sabiam conquistar as coisas no grito. Para acalma-los bastava coloca-los bem juntinhos, quase grudados. Vocês recarregavam a bateria um do outro, faziam tudo juntos, sentiam a dor do outro, compartilhavam. Não me recordo de ter tido um sonho com vocês ainda bebês, sonhei com menininhos em idades maiores. Apesar de idênticos, sabia diferencia-los só num olhar, Raul, como era mais novo, era um pouco menorzinho, dedinhos pequenos, cabelinho mais claro. Francisco, era quem puxava o irmão, colocava debaixo do braço como se viesse ao mundo na função de protege-lo, assumia a culpa por ele, cuidava dele. Mas nada disso superava o quão iguais eles eram, olhos grandes, vivos e sempre muito lubrificados, chegavam a ter um brilho a mais ao olhar para quem quer que seja, olhar penetrante, convincente e inebriante. Muito sapecas, sabiam viver todas as fases da vida, eram como unha e carne, sempre grudados. Eles tinham a pele morena, morena com um bronze de sol tomado na rua, daqueles de criança do interior, cabelinho cacheado, pareciam dois anjinhos, dentinhos pequenos e bem branquinhos, corpos esguios. O que mais me impressionava nesses dois era o fato de estarem sempre juntos, como se um precisasse do outro para respirar.

Meus meninos, bastaram apenas noites de sono para conhece-los, vê-los crescer, não tanto, apenas para pular dos meus braços e sair correndo em direção do outro. Quatro irmãos muito unidos, apesar das diferenças, do mais calmo, aos mais espoletas passando pelo mais sério. Orgulho, de mesmo em sonho te-los tido como filhos, ter tido a oportunidade de conhece-los e de me preparar para suas futuras chegadas.

Um beijo bem grande na testinha de cada um de vocês, e saibam que hoje eu escrevo na esperança de um dia lê-la para todos vocês.