Chega uma hora
Chega uma hora que precisamos mudar. Mudar de emprego, o corte de cabelo, de rotina, de hábitos, de pessoas.
Não que seja por mal! Mas, algumas vezes as coisas deixam de brilhar ou nós deixamos de perceber, ou nós deixamos de brilhar e não percebemos. Depois de certo tempo não nos agrada mais brincar de carro e compramos um, não queremos mais brincar de bonecos e arrumamos amigos.
Chega uma hora que precisamos nos desprender das coisas, das pessoas, dos sonhos, até da vida.
Não que não tenham mais importância! Mas, precisamos seguir com nossas pernas, para os nossos sonhos, pelos nossos caminhos, cometendo os nossos erros, acumulando lembranças que sejam somente nossas.
Chega uma hora em que precisamos pensar em nós e nas nossas vontades. Ir ao Teatro, à praia de noite, rir sem motivo a madrugada inteira, chorar escondido, sonhar acordado, escrever.
Não só para tirar o peso da vida das costas! Mas, também para, simplesmente, ser. Ser você, ser feliz, ser alguém. SER! Apenas ser, em todas as possibilidades, em todos os tempos verbais, em todos os lugares.
Chega uma hora em que precisamos aprender a pedir desculpas, a perdoar, a esquecer, a amar, a chorar, a sorrir, a ouvir, a falar.
Chega uma hora em que o corpo está cheio de sentimentos guardados e precisamos deixar transbordar. Precisamos. Precisamos nos abandonar, nos transformar, renovar...
Chega um momento em que precisamos, somente, de espaço para sermos Nós.