Rafa,
Rafa,
Eu não acredito que depois de tanto tempo ouvindo você jurar que me amava, hoje, quando vejo você se casando é que eu noto que o que sentia em troca não era pena.
Muito estranho esse troço de amar e não saber. Dá uma sensação estranha de impotência, de injustiça, principalmente: injustiça com você. Não vou pedir agora que você não case, Rafa. Não se preocupe. Case-se sim! Seja feliz! Um de nós tem que ser. Eu não estou zangada com você, estou zangada comigo mesma.
Não é possível que eu tenha te dito “não” todo esse tempo, daria tudo agora para voltar no tempo e te dizer mil vezes que “sim”. Mas vamos concordar: muita covardia sua me convidar. Muita covardia querer que eu seja madrinha. Madrinhas não choram, menos ainda de tristeza.
Respondo formalmente seu convite com um severo “NÃO”, mas muito diferente de todos os que você já ouviu. Não é um “nãão” com pena, nem um “não” com raiva, é um NÃO decisivo, é um “suma da minha vida”. Se não serei capaz de te ver hoje naquele altar maldito, casando com a musa do carnaval, como serei amiga do casal? Aquela mulher tão linda, tão alta, tão forte, tão cheia de vida... tão tudo que eu não sou...
Aliás, o que você viu em mim? Pode dizer! Ficarei feliz em saber. Acho que é uma dessas histórias de que no coração a gente não manda. Você também não é nenhum galã de cinema, Rafa, ponha isso na sua cabeça. Você é meio magrelo, você fuma, seus olhos são meio fundos, meio vidrados que nem olhos de viciado, mas mesmo assim eu te amo, não amo?
Amo, amo sim. Então sumam da minha vida, você e sua esposa perfeita, porque não vou aguentar ver a felicidade de vocês e não terei escrúpulos em desejar-lhes mal.
Por isso, se quer mesmo manter vivo seu casamento, Rafa, afaste-se de mim, é sério.
Atenciosamente, a NÃO-MADRINHA do seu maldito casamento.