À Desparecida.

Meu fantasma que nunca está...

Cristina, vou chamá-la assim, é nome de alguém que conheci dia desses.

Um tanto perdida como você, perdida no bom sentido evidentemente se é que há bom sentido nisso.

Ouvi dizer de uma amigo que nada quero com ninguém, de outra já ouvi dizer que sou um tipo estranho que quer todo mundo, e hoje ouvi que eu devia tocar o barco, alguém que vive me dizendo pra tocar o barco, milhares dizem a mesma coisa,até Cristina diria, se não fosse tão perdida nela própria, nos seus desejos que ela mesma desconhece...

Queimando as pessoas, como fogo, aos poucos consumindo-as. Do meu lado, meu cinzeiro e minha brasa queimando enquanto observo e vejo que cada trago é um desperdício de tempo, por isso escondo de muita gente esse vício que me impede aliás de me ver sozinho, apesar de cercado das pessoas que dizem que gostam de mim, oh Deus por que eu não acredito nelas?

Talvez eu seja como Cristina, que adora que as pessoas demonstrem por ela um amor que mais parece pecado, talvez o único tipo de amor que ela conheça... Os amores de Cristina são sempre despedaçados pelo tempo, à quem ela atribuí o fim de tudo, e o princípio de si mesma, se perdendo nessas buscas, como eu, e quem sou eu pra criticá-la - agora eu vejo o por que das pessoas de serem expectadoras disso, elas na verdade esperam de mim atitudes que sabem que eu não tomaria, não por causa delas, por que elas sabem o quanto eu gosto de Cristina.

Cristina quer casar, quer ter filhos e ser feliz. Quem não quer?

De longe passa perto de seus sonhos, vê-los passar lhes parece mais interessante, e fazer de seus sonhos o caos na vida das pessoas, talvez seja seu sonho.

Ou Pedir melancolicamente que vos ame concessivamente, adora que desistamos de tudo por ela, que digamos que ela é tudo pra nós - dizem que tem pessoas que adoram ouvir mentiras, neste caso, já não posso dizer que menti pra ela.

Cheguei tão pouco perto na minhvida de ser feliz, nas poucas vezes que fui, foram grandes doses de felicidade em poucos minutos ou na verdade, vocês sabem, minutos ou horas de felicidade são uma atração para o eterno em nossos corações, afinal felicidade roubada, ou melhor, amores que nos abandonam mais parecem eternos que aqueles que estão dos nossos lados, eu dou nome a minha felicidade, acho que ela mudou de nome umas três vezes na vida.

Ah, mas você Cristina, foi impura e infiel comigo, mas o que eu fiz com você se não algumas mentiras não é mesmo?

Apesar de não haver tantas justificativas, que aliás, para uma mulher um homem nunca pode mentir - ela nunca aceitará nenhuma justificativa sua, e qualquer tentativa, será sinônimo de mais mentiras.

Cristina num pedaço de papel escrito, chama-se mulher desconfiada. Afinal, qual é o gato que escaldado depois não teria medo até de água gelada? Eu só não vou me matar por isso, nem acho que ela deva, afinal, quem nunca escorregou numa casca de banana não é mesmo?

Mas o que eu tentei dizer afinal escondendo algumas verdades sobre mim que pra mim mesmo seriam inaceitáveis se estivesse no lugar dela, vai ver por que eu tinha vergonha disto ou daquilo - espero que um dia aquela criança cresça e veja isso.

E que Cristina quer ser feliz eu já sei, sei também como, mas como ela vai achar alguém tão sem limites, alguém que abandone tudo e qualquer coisa e a pior de todas as hipóteses, que a aceite de toda e qualquer maneira do mundo? Não posso falar pelos outros, posso apenas falar por mim.

Não quero que você seja minha Ava Gardner para sempre, minha voz não será tão bonita como a de Sinatra pelo resto da minha vida, quem dera meus pulmões fossem os dos cowboys do marlboro, e quem dera eu fosse tão macho quanto os que fumam Lucky strike, eu acho que sou tão covarde quanto você possa esperar, por isso não me arrependo de escrever pra ninguém, pra alguém que não vai ler, ou pra alguém que me esquece e enfim, volta sempre pra seu lugar 'comum e feliz', só não posso te meter críticas por "tocar sua vida" e "ser estranha" , coisa que alguns amigos já confirmaram sobre mim, mas posso culpá-la por me usar para manter nossa infelicidade, coisa que eu nunca te fiz, pois te amo apesar de tudo.

Clóvis Correia de Albuquerque Neto
Enviado por Clóvis Correia de Albuquerque Neto em 05/12/2012
Código do texto: T4020453
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