Prezada Sunny.
Prezada Sônia:
Feliz em ter notícias suas. Claro que andei lendo alguns de seus escritos. Suponho que sua “inquietação” se refira à observação postada no "Mural". A Literatura é outra conversa.
Vou logo de Bakhtin: toda compreensão, diz ele, é prenhe de respostas e, de uma forma ou de outra, forçosamente, a produz.
Se tento explicitar o que ali se encontra, no que compreendo por Leitura, que não é uma mera atividade de captação por parte do leitor do pensamento do autor, mas uma atividade árdua, de interação altamente complexa entre o que se escreve, o autor e o leitor à procura de sentidos que só ele (veja bem, só ele, Leitor) pode dar, estaria me traindo. Portanto, ninguém, repito, afora o leitor, pode processar, criticar, contradizer ou rechaçar o que estiver diante dele.
Claro que a senhora vai encontrar um sentido para o que digo, isto é como uma dor de dente, apenas a senhora sente. Os sentidos são produções do leitor, levando-se em conta o processo interativo acima referido (autor-texto-leitor).
A senhora não deve se esquecer do chamado contexto. Nas palavras de Ingendore Villaça, a metáfora do iceberg, que tem uma pequena superfície à flor da água (o explícito) e uma imensa superfície subjacente, que fundamenta a interpretação (o implícito), podemos chamar de contexto o iceberg como um todo, ou seja, tudo aquilo que, de alguma forma, contribui para ou determina a construção do sentido.
Três coisas posso lhe garantir: o texto não visa a um sujeito especificamente; a senhora não se encontra no contexto a que ele se refere e o diabo, via on line, se lhe for conveniente, presta culto a Deus.
Um abraço do amigo
Prof. Ary Carlos Moura Cardoso.