CANÇÃO PARA A MINHA LINDA FLOR
Imaruí, SC, 08/04/06
Uma cartinha mutante para: Minha linda flor.
Querida Glau,
Não sei se estás observando, mas as minhas cartas, ultimamente, estão sendo travestidas de poemas, ora como uma canção, ora como uma balada, mas na maioria delas existe uma forte sombra da presença de ternura e de tristeza.
Na verdade, minha linda, eu sou a própria palavra que a natureza pronuncia para poder cantar a minha poesia de amor.
Por que depois, ó amada, essa mesma natureza, recolhe a minha palavra e faz com que ela se esconda em teu coração, para que assim, tu te sintas amada, demasiadamente amada.
Eu sei que tu és a minha verdadeira estrela Aldebarã, a que caiu da constelação de Touro, para viver sobre um tapete verde com essa humana e humilde constelação que sou eu.
Sim minha linda, eu também sou filho dos inexplicáveis elementos dos céus, porque o inverno me concebeu e rebentei como uma flor na primavera, agora o verão me mantém e o outono me delicia com as sestas preguiçosas das intermináveis tardes.
Hoje, eu estou pretendendo te ofertar esta canção como uma oferenda que se faz à namorada, entretanto, ó minha amada, muito em breve eu te ofertarei a coroa do casamento, esta ânsia do meu último e incontrolável desejo.
Acredito que esta ânsia que não é só minha, se transformará numa aurora e fará anunciar aos nossos corações a chegada da luz do amor.
Farei de tudo para mover e acumular o perfume silvestre e todos os encantos da natureza, para depois, depositá-los aos teus pés, assim, nós respiraremos a atmosfera perfumada dessa planície verde que sonho em te ofertar.
Quando durmo, ó amada, a impactante solidão da noite me esmaga e me observa com os seus invisíveis olhos.
Bebo esse vinho amargo da solidão que me é ofertado e, adormeço silenciosamente, ouvindo as canções de velhos pescadores que me chegam moduladas com a brisa.
Eu olho profundamente para os meus sonhos e, nesse túnel incompreensível, vejo-te virtualmente perdida e impossibilitada para me beijar, e assim, frustro-me por não poder também, sequer, te abraçar.
Mas quando volto para a minha consciência, sinto-te como uma flor e, de pétala em pétala, extasio-me com a suavidade do seu perfume, ó linda flor-de-lis.
Eu te amo como flor.