Por um sentimento
Amiga Luce, saudades!!!!!!!!!!
Há muito tento escrever-te e as palavras escorrem de minha mente qual água por entre os dedos. Quero falar, Luce, quero falar de dor, mas não dor física, dor de alma. Sei que deves querer saber até que ponto a alma pode doer. Pois contar-te-ei e entender-me-ás.
Por um sentimento o ser humano é capaz das maiores atrocidades. Não pondera, não avalia e nem corrige seus hábitos, mesmo sabendo que estes poderão prejudicar outras pessoas. Todo dia somos vítimas, direta ou indiretamente falando, da inveja, do rancor, do ódio, da soberba e da falta de amor. Creio até que somos reféns da inveja das pessoas, que desejam a qualquer custo que nos dilaceremos e percamos algo crucial para a nossa vida real: a fé. Fé, um sentimento que cresce quando tudo parece não ter mais jeito e somente o acaso determina o nosso sucesso. Esse sentimento é maior do que parece ser, pois sela a nossa identidade e transforma o nosso espaço, unindo-nos, de certa forma, ao Criador. Mas muitos não pensam assim.
Há quem pense que o poder é mais importante que Deus, que o dinheiro tem mais valor e maestria do que o nosso Pai Celestial. Há até quem creia que Ele não exste e viva tentando anular tudo e todos que ultrapassem seu caminho e ou ameacem seu patrimônio apenas pelo fato de existir. Nisso representamos a dualidade do homem barroco, que vivia em constante crise existencial por não saber qual caminho seguir.
O moderno transformou a alma humana e deixou a todos sem perspectivas, daí a explicação para o novo "mal do século", a depressão.
Todos esses entraves que dificultam a vida em sociedade refletem bem o nosso despreparo com relação a própria vida em comunidade. Apesar de tantas descobertas, o homem ainda não aprendeu a amar e leva essa falta de amor a todos os seguimentos de sua vida.
Como ia dizendo, a dor é o reflexo de uma experiência necessária para a nossa vivência real. Perdemos, choramos, brigamos, até matamos em nome da cura, mas não temos consciência de nossos limites e avançamos por caminhos nada salutares, arriscando a nós e a quem de nós se achegar. Seríamos nós inocentes? Ou apenas nos deixamos levar pelas vaidades? Não sei, Luce, apenas cogito, conjecturo, divago, não sei ao certo qual a resposta.
O que me diz, Luce?!
Um abraço.