ACEITA O FIM!

Deverias compreender e procurar uma acomodação aos fatos. Eu até posso continuar amando as duas, pois o poder de controle sobre os sentimentos é restrito, nem todo mundo consegue e se porventura alcança, muitas vezes é parcial. Mas coexistir em relacionamento de fato contigo e a outra, ultrapassa meus limites humanos. Cheguei no estágio em que as circunstâncias me impuseram uma tomada de decisão. E esta consistiu em optar. Demorou. Custou-me noites de sono, angustiado sobre com quem partilharia a convivência. Você e ela são diferentes, cada uma preenche um tipo de demanda existencial minha, mas por fim tive que buscar no meu lado racional o ponto a mais, aquele plus capaz de apontar o caminho adequado. Medindo e pesando, analisando conveniências, foi ela a escolhida. Magoei-te e me vejo torturado ante esta consequência. Choras, mas as lágrimas que te banham rosto, roupas e a alma, caem também em mim. Vejo-te em sonhos plenos de imagens que parecem reais, tão perto ainda te sinto. Próxima em tudo continuas, creia.
A existência monta armadilhas e, como inimiga que detém o domínio sobre os fatos, não manda aviso. Nunca estamos preparados e quando a surpresa encena a peça, encontra-nos desarmados, sem uma possibilidade sequer de reagir, menos ainda de esboçar um contra-ataque. Nem que fosse para cair com honra. Ou, prosseguindo neste raciocínio bélico, conseguindo uma trégua, mínima que fosse, para arquitetar uma saída. No caso em apreço, tentar uma coexistência pacífica entre mim, de um lado e vocês de outro. Dizendo melhor e com clareza: eu com as duas, tudo como dantes, tudo como era até a cruenta despedida de ti. Era tão bom...Não te incomodavas em me partilhar. Ela, quando de nada sabia, deixava que tudo corresse sem empecilhos. Ao tomar conhecimento de que havia uma outra, arrebentou-se, foi subjugada pela depressão e não reagia. Deixou-se abater por um tal desânimo e tamanha melancolia que cheguei a pensar no risco de suicidar-se. Este, em minha avaliação, só não foi consumado devido à total ausência de iniciativa dela para o que quer que fosse. Quando veio a recuperação, confrontou-me com o dilema. (*)

(*) continua em próximo capítulo

Alfredo Duarte de Alencar
Enviado por Alfredo Duarte de Alencar em 18/11/2012
Reeditado em 14/01/2013
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