CONSELHO A UMA AMIGA
Minha amiga, pensa muito e bem antes de tomar a decisão. Procura um ponto de equilíbrio entre os teus sentimentos e a racionalidade, elementos indispensáveis ao acerto frente a impasses como esse que estás vivenciando. Um relacionamento amoroso não pode findar-se de forma abrupta, em decorrência de atitude mal refletida, fruto de um posicionamento adotado sob o impacto de chocante revelação ou ... exigência. Digo chocante, mas só em termos. Não fosses produto de educação fortemente conservadora, o assunto nem constaria da pauta de nossa conversa.
Tens motivo para afirmar que, após certo tempo de casados, parcela considerável de maridos costuma cobrar de suas mulheres a prática de atos havidos como pouco convencionais. Pelo menos, é o que consigo captar de conversas entreouvidas. Deveriam constar dos acertos pré-nupciais se estes ainda persistissem nos dias presentes. Teu caso é peculiar devido a essas características incomuns que trazes da chamada educação doméstica recebida. Tua aversão a qualquer prática fora do que fostes condicionada a encarar como "normal", pode custar-te o casamento, uma relação formal tão valorizada por ti, e até, SACRALIZADA. Aqui, ao meu ver, o grande, enorme, portentoso dilema: ou cedes e manténs o marido ou ... resistes e todo o universo conjugal desmorona sem chance de ser reerguido.
Sei, repito, que no caso está em jogo um conjunto de princípios, inclusive de cunho religioso, fortemente arraigados. Respeito os valores que cultuas e a intransigência da qual lanças mão para defendê-los. Prova de caráter. Mas tu amas o único homem a quem te entregastes e do qual tivestes dois filhos. Sem falar na libido ainda presente e com intensidade. Vais reprimi-la pelo resto da vida?
E se aceitares uma vez, só para testar o conforto emocional? Se não tiveres remorso incontrolável, o problema terá sido superado. Ele, satisfeito; tu, sem conflitos de consciência.
Continua ...