Canto do Mar

Foram tantos dias. Senti falta do essencial.

E o meu essencial contém pessoas.

Filhos, Amigos e o que eles possuem:

aconchego, companheirismo, certeza e amor.

É muito bom o ir e vir.

O vento aqui vem do leste. Percorre montanhas,

brinca e esconde, como folguedo de criança.

O de lá, vem do horizonte. Horizonte azul,

ondulado, com sotaque cantante.

Tudo muito lindo, muito escaldante, muito excitante.

Não pude, entre uma maré e outra, acompanhar

o canto do mar.

Mas sabia que havia melodias imortais compostas

em luas cheias. Sentia-me em falta nas reverências

ao compositor. Somente eu perdia.

Quanto sorriu? Quanto chorou?

Quantas insônias permitiu?

Fiquei a contar fases:

cheia, minguante, nova, crescente...

Enquanto a pele dourava

o âmago se continha.

Engolia cada letra porque os pombos não eram brancos.

Não voariam de norte a sul.

Mas foi através do canto

ora suave, ora raivoso

que naveguei de volta ao porto.

Canto do mar, melodioso

Montanhas, saudades.

No mais, gerais...