Estávamos em férias ... continuação 40a. carta "Os movimentos finos e complexos da mão direita"

Os movimentos finos e complexos da mão direita.

Os momentos de refeição passaram a ser comemorado por todos nós. Era o máximo vê-lo pegar o pão, levar na boca, morder, e mastigar ritmado, engolir sem engasgar.

Os alimentos aos poucos foram diversificando. Frutas, massas, verduras, legumes, sucos, mingaus, castanhas, cereais.

Os sabores, ora cítricos, ora adocicados, ora salgados eram experimentados. E cada reação era comemorada.

A evolução era fantástica. Passou a segurar o copo, a asinha de uma xícara, o palito de um picolé, a casca de uma banana, a comida no garfo ou na colher.

Cada refeição passou a ser uma terapia. Eu “imitava” os exercícios da fonoaudióloga, da fisioterapeuta, da terapeuta ocupacional com os alimentos. E era encantador. Ele mostrava que entendia o que estava sendo pedido. E claro que era mais agradável do que fazer exercícios com cubos, bolas, papéis, plásticos.

Um dia ofereci meia xícara de café e pedi que ele mexesse a bebida para misturar o açúcar. Ele levantou a mão, pegou a colherzinha e mexeu, fazendo pequenos círculos dentro da xícara. Ai, meu Deus! Deus seja louvado! Obrigada, senhor.

Outro dia arrumei uma bandeja com frutas inteiras e levei para ver o que ele ia fazer. Primeiro a indiferença. Precisava ser estimulado a pegar. Quando percebeu a textura do mamão foi uma farra. Apertou com os dedos e foi furando o mamão. E não adiantava mais eu pedir para parar.

A descoberta estava sendo mais interessante do que qualquer pedido. Pedaços do mamão foram levados na boca com casca e tudo. Aprendizado, sabor e prazer. Oh! Senhor! Muito Obrigada!

Emocionante foi vê-lo levar os dedos na boca e lamber cada um. Pegar um comprimido da minha mão e levar na própria boca. Mexer um líquido no copo e levar colheradas na boca.

Uma melhoria incontestável no cérebro do meu filho. Era isso que importava. A mão direita estava com os desejados “movimentos finos”.

Esses movimentos são mais difíceis de serem feitos/aprendidos/ recuperados. Significava que ele pinçava – um movimento complexo de pegar as coisas e conseguir segurar, prender, ter forças nos dedos, fazer movimentos mais precisos.

A deglutição estava se consolidando. O risco de engasgar estava cada vez menor, claro que os cuidados ainda deviam ser tomados.

Agora, além do meu marido, nós também cantávamos: “O Róger tá ficando bom”.

Rosa Destefani
Enviado por Rosa Destefani em 10/11/2012
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