MAIS UMA NOITE,,,
Sentei-me na cama para tentar escrever um texto. Pensei numa enxurrada de temas: falar de amor, da vida, da natureza, da velhice, dos amigos, do tempo... Lembrei-me da juventude quando tudo era: buscar o sonho. Não havia medo. Havia sim descobrimento do entorno. Forcei meu pensamento, mas meu cérebro já não trabalha tão livremente como antes, muitas coisas aconteceram. Escrever... Sobre o que? Lembranças? Pra que?... Acho que estou deprimida. Não quero escrever, quero conversar. Com quem?... Já é madrugada, o sono não chega. Quero ser amada como contos em contos de fada (que pretensão), gente é tão imprevisível e a vida não é conto de fada não. Vou sair daqui...Pra ver televisão?...Olho pro teto entorto a boca como a demonstrar minha insatisfação. Melancolia. Quero um pé prá esquentar o meu. Mas, a noite hoje está tão quente... Vou pesquisar no “Aurélio” pra aprender palavras derivadas, quem sabe consigo ser menos simplórias em meus escritos. Ah! já sei. Preciso mesmo conversar. Vou ligar pra alguém... é vou ligar. Que saco, o celular chama e a voz dentro dele diz: sua chamada será encaminhada para a caixa postal... Ligo de novo, só dá essa tal de caixa postal. Desisto. Vou pra cozinha fazer torradas. Melancolia falta algo. Meu corpo reclama amor físico e espiritual. Silêncio! É madrugada. Só o silêncio conversa comigo. Vontade de chorar, mas, não deixo a lágrima cair. Toca o celular. Será que estou conseguindo usar de telepatia? Preocupo-me, penso que pode ter acontecido alguma coisa com alguém conhecido. Atendo com medo. É engano. Que alívio, ninguém morreu (que tétrico). Retorno aos meus pensamentos. Madrugada. Todos dormem, ressonam até. Preciso conversar... Diante dessa agonia, começo a entender a depressão. Não é bom estar só. Abro a janela do quarto. Céu encoberto e nem um pio de coruja se ouve aqui. Silêncio... Não, ouço a sirene de uma ambulância ao longe, o que será?... Se tivesse um cachorrinho ou um gato, um peixinho... É, um peixinho no aquário, que seria tão solitário quanto eu (que será que sente um peixe no aquário...). Nossa!! Quase queimam as torradas. Não tem lua, tá quente, ninguém pra conversar. Seria melhor amar, muito melhor. Acho que é isso: falta de amo (a)r. Camisola de renda ... Chinelo de cetim... Perfume suave... O céu sem estrelas, cama com lençol azul. Lembranças... Não quero lembrar. Vazia essa noite que não acaba. O céu está como breu, mas sei que há luz. Céu encoberto. Vou escrever um lindo poema pra solidão!!!. Irá servir pra que?. Parece que alguém me olha da porta do quarto. Levo um susto. Será maluquice ou vi mesmo? (fantasma, espírito?) Não sei, também não importa. Se pelo menos ele falasse comigo... Tomara que amanheça um dia lindo, com muita luz irradiando paz, amor e aquecendo os corações. Se eu fosse uma rainha, ou se tivesse um poder de ordenança qualquer, teria providenciado alguém pra conversar. Mas, sou apenas uma mulher solitária. Todos dormem... Vou comer as torradas e depois...
silute/05/11/2012