Carta para a tua paixão

Querido amorzinho,

Desculpe o apelido carinhoso, sei que não passo de uma desconhecida para você. Mas preciso te enviar essa última carta de amor. Carrego aqui no meu peito palavras, que necessitam ser descarregadas. Cansei de guardar amargura aqui dentro. Acordo todos os dias um tanto quanto chateada, refletindo sobre o fato mais óbvio: “por que não fui boa o suficiente para você?” Seriam as minhas crises de existência, o meu drama exagerado? Aquilo tudo era insegurança, lindinho. Pura, como café sem leite nem açúcar.

Perdoe-me pelos medos, pela vontade louca de não te largar nunca mais. Coisa de garota apaixonada. Sinto tanto que a minha maior vontade é afogar-me num mar revolto. Não queria te contar isso, mas as manchas nesse papel que agora você lê, são puras lágrimas de dor. Iria perceber mesmo que eu não contasse.

Aliás, todo esse sal misturado com água brota dos meus olhos por sua causa. Triste saber que sou apenas mais uma garotinha boba a cair no golpe dos contos de fadas: e viveram felizes para sempre. Irônico. Nem deu para viver contigo, meu amor. Realizar meu sonho é impossível. E essa palavra me assusta, pois contigo imaginava um mundo de possibilidades eternas.

Hoje, a minha frente, se estende um inferno de angústias, um tapete de espinhos. Dói piscar os olhos, prendo-me ao passado com constância. Passado florido, substancial. Sem falhas na esperança e no dia-a-dia. Haja coragem para acordar de manhã e fingir estar disposta. Minhas mãos costumam tremer a cada lembrança repentina, a respiração torna-se difícil de executar. Um ato tão simples que… Nesse momento, me faltam palavras. A dor está vindo, com força. Preciso me despedir antes que desabe sobre a mesa e não queira mais levantar.

Adeus, meu bem.