Estávamos em férias ... continuação 39a. carta "O movimento do braço direito"
O movimento da mão direita
Os hemisférios cerebrais comandam invertidamente os lados do corpo. O lado esquerdo do cérebro do meu filho sofreu menos do que o direito no acidente. A lesão no lado direito do cérebro afetou o lado esquerdo do corpo do meu filho.
Hemiparesia - Perda parcial das funções motoras de um hemisfério do corpo, direito ou esquerdo.
Ele começou a mexer a mão direita, depois o braço direito. Ele movimentava a boca somente para o lado direito. A abertura dos olhos era mais natural do lado direito. O pescoço tendia virar para o lado direito do corpo.
O lado esquerdo era mais rígido e sem movimento. Os músculos do rosto eram enrijecidos. A mão esquerda difícil de abrir. O braço esquerdo difícil de alongar.
Os movimentos involuntários apareceram e o mais evidente era no dedo polegar direito. Esse dedo se mexia involuntária, absurda e constantemente. Esse dedo massageava o indicador ou esfregava no lençol. Dia e noite. Só parava quando dormia profundamente.
Foi necessário aplicar “botox” em determinados músculos do braço direito para prevenir problemas decorrentes desse movimento contínuo.
A gente tentava imaginar a dor que ele sentia nesses músculos, exigidos dia e noite. O braço ficava aquecido de tanto mexer o dedo. Dar ou não analgésico?
Quanta dor nos ombros. Os músculos ficavam tensos. Endurecidos. Meu marido fazia massagens e era perceptível a dor que ele sentia. Depois, dormia, aliviado. Imaginem a nossa agonia quando percebemos que algumas noites mal dormidas dele poderiam ser dessas dores musculares.
Ele não podia nos avisar. Também não dava para saber se tinha consciência da dor e/ou se não conseguia manifestar onde doía.
Mas, estávamos felizes, o braço direito se mexia involuntária e voluntariamente. Graças ao bom Deus. De tetraparesia caminhamos para triparesia.
Triparesia - Perda parcial das funções motoras em três membros.
Depois que ele começou a mexer a mão direita pode segurar a manga e comê-la. Mais tarde conseguiu segurar colher e garfo, copo, escova de dente, caneta, lápis, giz de cera.
Meu marido cantava para ele: “O Róger tá ficando bom” (bis)