Tempo

Certamente, o título me remete à diversas possibilidades em que algo é o começo do fim, mas à uma em particular sou continuamente macerado por meus pensares, o envelhecimento e a experiência.

Na concepção de um ser, do copular entre macho e fêmea, homem e mulher, há o começo do fim. Querer a juventude é tão fútil e tão feroz, que o mundo assiste às constantes descobertas para retardar, atrasar, conter, inibir e tantas outras justificativas parecidas, que fica difícil saber se real e irreal existem.

Por vezes, cenas e imagens são exibidas em mídias, capitalistas e consumistas, de um indivíduo com idade em certo avanço, mas com semblante em antagonismo a tal idade. Daí, a ideia de saber que envelhecemos a partir da nossa concepção uterina, faz parecer que a juventude é algo tão passageiro, que não haja tempo para desfrutá-la, mas, no entanto e quero abusar do pleonasmo, tantos outros indivíduos insistem em perder sua tão corrida e irreversível juventude, em buscar formas de conter sua perda. Parece irreal, mas, é real e muito real. Saber o fim de um começo triunfal, em que saímos da nossa clausura, quente, confortável, de alimento fácil e segurança inefável e conhecemos o mundo tal como ele é e, já nascemos velhos pois, são nove meses de intensa evolução física e num intuito desenfreado de contenção da idade, nossa idade é zerada e teremos novamente a chance de completar nove meses novamente. Uau, que bom, tenho um ano e seis meses com carinha de nove, “show”. E por tantas e tantas vezes somos encontrados nas ruas ou interrogados por tal comparação, de que não parecemos ter a idade que temos mas, mal sabemos ou não queremos saber, que já somos velhos, apenas estamos desfrutando da parte jovem da nossa velhice.

Certa declaração, dizia, em sua ideia principal que:

“Quando muito jovens, somos vestidos, alimentados e carregados e quando velhos, somos vestidos, alimentados e carregados.”

Logo, qual a diferença, as mesmas características de situações diferentes. Apenas somos preparados para um fim já conhecido desde o ventre materno, a velhice. Porém, voltando as minhas primeiras falas, dizia eu da velhice e da experiência e por quê? Ouvi certa vez, de um senhor pouco instruído da forma qual conhecemos e aprendemos nas escolas, mas com uma instrução de vida indescritível, e disse:

“Porque me chama de velho? Velha é a sua ignorância e sua falta de saber, sou experiente!” Retrucou-me, em baixo tom, de forma que podia ouvir na firmeza de sua voz e no brilhar de seu olhar, a propriedade daquilo que ficou gravado na minha memória, eternizada por sua face enrugada e bigodes e cabelos esbranquiçados.

Digo então que, a velhice tão somente é, em sua essência, a experiência de um indivíduo, que, optou por vivenciá-la, ao invés de dividi-la em fases, no intuito de minimizar os impactos de um senhor chamado, tempo.