Despedida

Hoje acordei com a alma velha, assim meio dolorida, como a de alguém que já viveu muito e de repente renasceu de um longo sonho...Sem compromissos com a linguagem formal e culta, com os bons costumes e as boas maneiras, sem obrigação com nada além dos meus sentimentos, decidi que chega...

Acabou a compreensão, o desprendimento...Morreu aquela menina que transbordava em versos, mais além, vivia dos mesmos...A partir de hoje não quero nada menos do que mereço, do que me cabe, do que tenho direito.

Isso vale para você, principalmente, mas sobretudo para mim... Serve para você, você mesmo, que entrou na minha vida feito furacão e bagunçou tudo que havia nela...

Você que tem um sorriso lindo, mas enigmático, tão misterioso que jamais irei compreender; que não quer abrir espaço para alguém entrar na sua vida, porque ela é tão boa e tão completa que sua solidão já basta!

Eu não sou assim, ao contrário, preciso de alguém ao meu lado, pois a maior liberdade é se deixar prender.Quero alguém para contar como foi o meu dia, o que eu comi, o que eu vivi, o que pretendo fazer amanhã ou daqui a vinte anos...Para mim a vida é isso, é compartilhar, é dividir, somando sonhos e construindo realidades!

Quero e preciso de alguém que entre na minha vida e me deixe entrar na dele, alguém que permita que eu toque além do seu corpo, também sua alma, que eu chegue bem perto e dentro, mais perto do que qualquer outra pessoa já tenha chegado...

Por favor, apenas não venha me dizer que sofreu muito, também sofri, quebrei a cara feio, mas continuo me mostrando como sou, sem defesas nem máscaras, porque se não for assim, ah, se não for assim, não vale a pena...A vida é um risco constante e não há razão para não sorvermos tudo o que ela nos oferece...Quem muito pensa, muito bloqueia, não vive, apenas brinca de existir...

Escolhi a pessoa errada, perdi meu tempo, ou talvez tenha ganhado experiência, não sei...Só o futuro dirá, só os acontecimentos mostrarão quem estava certo ou errado (se é que isso existe), quem saiu perdendo ou ganhando...Já não importa mais. É como oferecer espinhos a quem sabe que existem flores: não basta, não adianta, não resolve...

Escrevi isto porque sei que um dia você vai ler. Nesse dia, as coisas já estarão diferentes e nós estaremos irremediavelmente distantes um do outro, pois hoje começo a traçar sozinha, mas fortalecida, um caminho sem volta. Uma estrada de retorno ao rumo que desejo, aos objetivos que alcançarei, de volta a mim mesma.