CARTA AOS POLÍTICOS BRASILEIROS...
Meus caros amigos políticos, não vos falarei hoje através de xingamentos ou qualquer palavra de baixo calão, muito embora não consiga vislumbrar outros termos menos chulos ou adjetivos que não menos aqueles que me lembrem os grupos criminosos deste país. Mas o verdadeiro crime não está nas ruas, nem tampouco suas engrenagens estão nas periferias como a mídia golpista tem repetido todos os dias na televisão. Os verdadeiros homens que põem em risco a unidade pátria e a segurança nacional são aqueles que hoje têm suas cadeiras - quase vitalícias - no congresso nacional. E se "bandido bom é bandido morto", então a lei e a ordem está sendo claramente violada e fatalmente contraproducente, afinal, como diria um amigo "ninguém morre no palácio do governo". Os grandes barões do crime e chefões da máfia estão protegidos por imunidade política e a isso podemos chamar de corrupção, lobby, conchavo, propina, jeton, etc. Eu prefiro chamar de quadrilha, máfia, assassinos, aliciadores, infanticidas, terroristas. Pena que alguém tenha - por um processo de osmose social - nos feito crer que este é o jogo democrático conquistado por milhões de brasileiros. Digo-vos, com propriedade, que o que aqui se está jogando é o totalitarismo, o autoritarismo, o absolutismo que - infelizmente - está maquiado com a falsa insígnia chamada de "liberalismo".
Não sei dizer se Marx ou Weber teriam razões nos dias de hoje. Sei que Bauman está certo em denunciar a "modernidade líquida" e Hannah Arendt mais certa ainda quando falava das crises da república há algumas décadas atrás. Fim da história? Não creio. Queda do muro de Berlim, queda da URSS, queda do muro de Wall Street, princípio do fim da sociedade que conhecemos? Não. Com certeza não. É apenas o fim do pavio, num barril de pólvora chamado "desigualdade".
Este ano convivi com uma frustração que ainda não desceu pela minha garganta. Nem descerá. Há pouco mais de dois meses o valor médio da cesta básica em São Paulo estava em R$ 312,00 (trezentos e doze reais) e o aluguel pra quem deseja morar decentemente não sairia por menos de R$ 400,00 (quatrocentos reais) nos subúrbios. Ainda por cima os ônibus, metrôs, hospitais e a maioria dos serviços públicos estão superlotados e precários. Voltemos à nossa "matemática discreta": o valor do aluguel e da cesta básica. O custo de vida supracitado – ou parte dele, diga-se de passagem –, ultrapassa o valor do salário humilhante que chamamos de “mínimo”. E outras despesas como alimentação, transporte, indumentária? Grande parte dos brasileiros vive de esmola, trabalhando arduamente em dois e até três empregos. Quantos de vocês políticos se utilizam do serviço público? Nem precisam, não é mesmo? A vergonha, a angústia, a paciência fica pra nós mesmos, os excluídos.
Há dois dias me deparei com uma reportagem que dizia que provavelmente em 2013 o salário dos vereadores de São Paulo teria um reajuste e ficaria em torno de R$ 15.000,00 (quinze mil reais). Muito interessante. E nós brasileiros assistimos a riqueza de alguns poucos crescerem, enquanto os outros 190 milhões de mentecaptos definham dia após dia. Saibam, hoje eu decidi ser um bom consiliário e por isso mesmo faço uma emenda:
CONSELHO PARA OS MEUS AMIGOS POLÍTICOS: EXONEREM-SE.
E você – brasileiro – tem um compromisso com o seu país. Desligue a TV e vá ler um livro. A nossa história – que ultrapassa quinhentos anos – infelizmente está cheia de aspas abertas. Quando vamos fechá-las? Não há previsão, a não ser a de tempestades que virão nas próximas décadas. Pensem nisso.