Não.

Não quero te ver, te olhar nos olhos. Não quero te olhar ou sentir seu cheiro. Não quero te tocar, e não quero que me toque. Não quero te ouvir, nem ter noticias suas. Não quero dividir minha casa ou minha vida com você. Quero me lembrar de como era minha vida antes de você, e quero esquecer a nossa história. Quero te apagar de mim, pois errei com você. Quero esquecer minha culpa e minha dor. Não quero me sentir dividida e magoada pelos anos que te roubei, pelo simples fato de ter construído a nossa história sobre um amor do passado, sobre o meu eterno “podia ter sido e não foi”. Não quero mais ver em seus olhos o amor que sente por mim, e não quero mais dissimular um amor por você. Quero dizer adeus a você, querido. E quero isso porque amo outro, e sinto meu coração se quebrar por isso. Mantive nossa vida banhada em momentos felizes para me esconder de você, e de mim. E fui bem sucedida. Queria poder explicar que nunca foi uma luta justa pra você querido, pois aquele que amo vê minha alma, enquanto você vê apenas minha fachada e minhas mentiras. E no segundo que nossos olhos se cruzaram, agora, tantos anos depois, meu mundo parou de girar como se fosse a primeira vez. Não me toque, querido. Não me ame. Não me deseje. Pois seu desejo me faz suja em minha própria mentira. Eu construi uma vida pra nós dois, mais menti, menti pra mim mesma, me enganei por todo esse tempo, me afogando em seu amor e me convencendo que era o suficiente, o suficiente pra nós dois. Mas não é, nunca foi. Agora já não posso encarar a sua inocência ao dormir relaxado em nossa cama, enquanto meu coração palpita por outro, então não durmo. Não posso me sentar a mesa, pois me ponho a imaginar a nossa vida corriqueira, com ele em seu lugar, então não como. Não posso te beijar, pois ao fechar meus olhos, vejo os olhos dele me encarando, então enlouqueço. Oh querido, o que foi que eu fiz? Você poderá um dia me perdoar? Eu me perdoarei um dia? Acorrento então meu coração a esta ancora e deixo afundar e meu mar de erros e enganos cruéis, que feriram a todos nós. Poderei te deixar um dia querido? Enquanto não durmo, não como e enlouqueço, morro. Morro por minha incapacidade de deixá-lo. Sinto agora a culpa me arrastando para morte a cada sorriso seu, a cada vez que me toca ou me afaga, morro. E sigo morrendo a morte da alma, porém não do amor. Amor este que não é seu, mais que me mantém viva para alimentar a ilusão de que quero te ouvir , te tocar e te amar. E de que sou feliz com você.

Luana Valim
Enviado por Luana Valim em 30/10/2012
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