DESABAFO

Eis-me aqui novamente a desabafar em letras tudo aquilo que não consigo falar. A noite está tornando-se longa e triste. Triste sim, pois a última coisa que quero é te ver chateado comigo e assim com atitudes desprezíveis. Em geral, pensamos que as pessoas pensam como nós pensamos. No entanto, precisamos reconhecer que os pensamentos delas são criações originais delas próprias. Toda vez que buscamos desacreditar esse ou aquele amigo, depois de havermos trocado confidências e intimidades, estaremos desmoralizando a nós mesmos. Toda impressão negativa ou maldosa que se transmite as pessoas que nos são caras em forma de confidências, é o mesmo que destilarmos venenos através dos ouvidos. Os obstáculos existem, sempre desapontamos alguém e sempre alguém nos desaponta. Em qualquer circunstância, é preciso não esquecer que podemos ver e ouvir para compreender e auxiliar.

O amor verdadeiro auxilia sem perguntar. Não permita que suscetibilidades lhe conturbe o coração. Se você tem qualquer mágoa remanescendo de véspera, comece o dia como o sol: _ esqueça a sombra e brilhe de novo. Para que alcancemos a felicidade, convém não esquecer que nos transformamos sempre naquilo que amamos. A felicidade pode passear, falar e comunicar-se na vida externa, mas reside com endereço certo. Dentro de nós. Na consciência tranquila. Devemos amor, tentar nos afastar de hábitos infelizes, tais como: estender conversações negativas, indagar situações e ligações, cujo sentido não podemos penetrar. Lembre-se, por vezes, basta apenas um martelo para arrasar aquilo que os séculos construíram.

Que importa o julgamento, medos e decepções, se estamos a lutar por aquilo que realmente queremos e amamos.

Se alguém diz que a pedra é madeira, é justo lhe acatemos o modo de pensar. Mas se alguém toma a pedra ou a madeira para te ferir, é importante perguntar-lhe quanto a impropriedade do gesto insano.

Quanto a minha maneira de pensar em relação ao lado afetivo, eu guardo os seguintes princípios:

_ Toda pessoa que lesa outra, está fatalmente lesando a si próprio.

_ Jamais brinco com os sentimentos alheios.

_ Não armo ciladas para ninguém, pois posso precipitar-me dentro do abismo.

_ Não faço aos outros o que não desejo seja feito para mim.

_ Nunca peço aquilo que não possam dar-me.

Reflita bem sobre tudo isto que lhe transmito, pois uma carta é o retrato espiritual de quem escreve. Somos responsáveis pelas imagens que criamos na mente dos outros. Não apenas através do que falamos ou fazemos, mas também através de tudo que escrevemos.

Te amo muito.

Rio de janeiro, 10/11/2008

Fátima Marques

Fátima Marques
Enviado por Fátima Marques em 24/10/2012
Reeditado em 08/01/2013
Código do texto: T3950608
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