Estávamos em férias ... continuação 32a. carta "Disciplina do pai com a higiene da boca"
A higiene da boca do Róger era realizada pelo pai. Desde SP o meu marido se preocupava com essa limpeza. Fomos orientados para manter a boca sempre limpa, pois era a principal fonte de contaminação. Boca limpa, corpo longe de pneumonia.
Um dia a médica entrou e o pai estava tentando higienizar a boca, com muita dificuldade, o Róger não colaborava, não conseguia atender o comando de abrir a boca e/ou mantê-la aberta e a médica o alertou dos riscos de mordida. Uma mordida poderia cortar o dedo.
Mesmo assim, diariamente a boca era higienizada. O pai limpava o que dava. Levou várias mordidas, umas leves, outras nem tanto. Uma demorou para sarar.
Os dias passavam e a escovação mantida. Era uma luta conseguir.
Aos poucos o irmão mais velho trouxe mordedores para abrir a boca, escovas diferentes, fio dental com haste e a limpeza dos dentes, boca e língua ficavam mais eficientes. O meu marido é uma pessoa muito disciplinada e cuidadosa. Desenvolveu essa tarefa como ninguém.
Quem não acompanhava o desenrolar dos acontecimentos, garanto que pensava que se tratava de uma judiação com o filho. Realmente era cansativo, precisava de força para segurar a cabeça e a mão direita. Era uma tarefa que precisava ser realizada.
Já em Cuiabá, a equipe multidisciplinar frequentemente comentava sobre a excelência da higiene bucal do paciente, e elogiavam o pai.
E aos poucos o Róger foi melhorando o seu nível de consciência e quem sabe já podemos falar que ajuda? compreende? colabora?. Ainda não dá para saber, só sentimos a mudança.
Há alguns meses passei a realizar a escovação após o almoço. Levei algumas apertadas nos dedos, nem comparáveis com as mordidas que o pai levou.
Um dia estava difícil para escovar e então falei para ele: “Pega a escova e escova seu dente”. Ele pegou com a mão direita e levou na boca. Foi uma emoção. Ele havia compreendido minha solicitação, interpretou e fez.
Oh meu Deus. Obrigada por mais essa alegria!