MEMORIAL DA AMIZADE

Jaime Antonio Centa, meu querido companheiro de lutas e de ideais! Já se escoaram mais de 26 anos, o que é uma vida, não é amigo? E foram tantos os "sofrenaços" que o decorrer me impôs, que o tempo comeu boa parte de boas e agradáveis memórias... Só em te saber memorialmente saudável, visto o teu instigante depoimento sobre a nossa trajetória de moços e idealistas, já alerta o espírito e sei que és dos “meus”, daqueles a quem reconheço dever muito por atos e fatos, que talvez não tenha conseguido realizar o que esperavam de seu representante parlamentar. Porém, acho que dei a singela contribuição no momento certo – por suplente à deputação estadual – apenas dois anos e oito meses, entremeados à elaboração da Constituição Estadual. Sim, continuo firme, repensando cada dia com o elixir do vigor da mocidade, deixando a modesta contribuição na área da Literatura, agora que a democracia se assenta, no mínimo, na liberdade de dizer e de sacralizá-la, apesar de todos os defeitos da tenra e inexperiente criatura política. Todavia, ainda há muito a fazer para o bem coletivo num país continental e jovem... A rigor, nem importa se lembro bem de tua imagem presencial, porque o tempo e a distância sempre turva a água que não corre continuadamente. O que realmente vale é que, de novo, estamos juntos, porque o importante é PENSAR e, quando as ideias são similares, AGIR em conjunto, nas vicissitudes contínuas ou momentâneas. E é isso que o ferramental da grande rede, nos dá: em estando vivos e lúcidos, sermos palavra de CONFRATERNIDADE. Hosanas à vida, que nos dá o grande abraço das possibilidades e das escolhas pessoais para o bem do semelhante. Um grande e afetuoso abraço do Joaquim Moncks.

– Do livro QUINTAIS DO MISTÉRIO, 2012.

http://www.recantodasletras.com.br/cartas/3941179