Réu da Vida
Admito. Passei grande parte de meu tempo numa redoma. Fria, incômoda, chata. Não sabia muito bem como lidar com ela. Como encará-la e de alguma forma vencê-la. E tinha medo, muito medo. Do escuro, do desconhecido. E um medo ainda maior de ficar sozinho. Detinha a necessidade de me sentir amado. Sentir-me querido. Até mesmo desejado, não nego. Afinal, quem é que não vê seu ego ir lá em cima quando sente que alguém o vê com outros olhos? Mesmo quando não pode retribuir? Muita gente, não é mesmo? Agora, pouco a pouco, vou retomando o controle de minha vida. A liderança de minhas ações. Vou vencendo meus medos, meus traumas. As feridas estão cicatrizando. Mesmo que lentamente vão fechando. Deixando de incomodar tanto. Estou me valorizando mais, me querendo mais. E acredito não haver nada mais válido que isso. A autoestima. A segurança em olhar no espelho e ver alguém forte, inteligente. Sadio. Tenho muito a viver ainda. A aprender, mais ainda. E quanto mais o tempo passa, quanto mais conheço do mundo, mais sinto que ainda falta muito a ser aprendido, apreendido e de certa forma repassado. É difícil conseguir chegar nessa realidade. Mas estou tentando. Estou dando os primeiros passos. E pela primeira vez não tem ninguém na “jogada”. Tem a mim. Eu me amo. Eu me quero bem! E me importo demais comigo mesmo. Tenho noção do quanto ainda serei julgado. Medido da cabeça aos pés. Não ligo tanto. Já me julguei e auto condenei diversas vezes. É hora da absolvição.