Rebelde Coração
Coração rebelde. Não aceita meus comandos, não aceita ordens, dispensa conselhos. Machuca-se, claro. Mas sempre se reconstrói. Sem medo do que terá de enfrentar. O que terá de passar. Sem saber que na verdade os olhos indicarão o que sente. Através de uma lágrima ou um sorriso. Obedece somente seus impulsos. Mesmo que um deles seja o de calar. Impedindo-me de manifestar tudo o que uma só pessoa já sabe de cor e salteado. Mas pudera. É tanto sentimento à mostra que qualquer palavra ou atitude agora se torna desnecessário. Em vão. Dói, mas até esse amor já é em vão. Afinal de que adianta amar tanto, querer tanto alguém que também se condenou a viver fábulas erradas? Posso mesmo estar errado em amar tanto. Mas estou bem certo de tudo aquilo que sinto. E de tudo o que eu quero pra mim. Pode ser que volte. Procure-me. Apenas desejo que não seja tarde. Não trocaria o certo pelo duvidoso. E se chegar, com alguém eu estiver. Sinto muito, mas todo esse amor será o duvidoso. Sem mais serventia alguma. Porque quando o coração se cala não tem jeito. Não adianta insistir. Por mais que a mente insista em falar algo, se não tiver a cooperação do coração as ideias se desencontram. Forma-se aquele emaranhado de ideias. E nos perdemos. Realmente temos de tomar cuidado com o que pensamos, com o que falamos. O pensamento tem um poder imenso. As palavras lançadas ao vento, maior ainda. As lançamos hoje sem sequer imaginar o momento em que elas voltarão para nos atormentar. Para nos derrubar. Por muito tempo acreditei que todo aquele amor expressado através de minhas palavras, me fizesse mal. De certo modo até fez. Quando junto às lembranças vinham as lágrimas, as dores, as cicatrizes novamente à mostra. Às vezes, quando decido me calar, tentar esquecer, amenizar esse amor, vão junto as palavras. Aí começo tudo outra vez. Porque meu maior medo não é o de sofrer, com ele ou com quem por ventura aparecer. Meu maior medo é o de deixar de escrever. E escrevo quando amo, escrevo porque amo. Quando quero. Quando espero. Mesmo sabendo que algo não poderá chegar. Por alguns meses mergulhei de cabeça nesse amor. Afoguei-me. Embriaguei-me de tal maneira que mesmo sem querer passei a viver em função dele. E nisso recriei mais um castelo de ilusões. Mas um castelo que me fez bem. Escrevi em seis meses o triplo do que escrevera em seis anos. E minhas palavras; tenho certeza, não foram das piores. Porque em cada uma delas ali estava eu. Por completo. Querendo ser decifrado. Querendo ser entendido. Acreditando poder resgatar esse amor com o auxílio delas. Hoje a certeza que tenho é que vivo muito bem sem aquele amor. E vivo muito bem sozinho. Sinto-me completamente à vontade com a solidão. Mas o que me deixa vazio é quando faltam as palavras. Horas pensando, pensando e nada saindo. Como se junto ao desejo de esquecer, as palavras se fossem. As palavras. Minhas companhias mais amadas. É me perder que me encontro em cada uma delas. Reinvento, redescubro, recrio. Tudo bem que não trago quem quero pra perto de mim. Mas nem sempre o que queremos é o melhor. Preciso esquecer, é fato. Apenas desejo que minhas palavras não tomem o mesmo rumo que ele tomou: a distância!