O Sonho que nunca sonhei
O tempo passa. A vida muda. Alguns progridem. Outros regridem ou se mantêm no mesmo lugar. Alguns sonhos amadurecem, outros simplesmente “apodrecem”, dando lugar a novos. Abrindo espaço às modificações que o tempo e a vida nos exigem. Pois bem. Eu, como qualquer simples mortal, também cresci. Vi o tempo passar, muita coisa mudar. Já sonhei em ser geógrafo. Já quis muito ser um físico ou astrônomo renomado. Quando criança, inclusive, já brinquei até de ser bombeiro. Ou "puliça", como a maioria das crianças assim diziam. Já quis ser médico. “Doutor”. Que orgulho seria, não? Já pensei em ser cantor. Já quis muito ser ator. Mas esses eram sonhos que exigiriam ainda mais de mim. E talvez eu não estivesse preparado para o que pudesse chegar. Mas por uma boa ironia, quis o destino que eu me tornasse um escritor. Para falar de amor. Falar de amizade. Da vida no geral. Para encantar alguns corações. Para chegar como um acalanto; um conforto para todos que sentem o mesmo que eu. Que esperam pelo mesmo que eu. Interessante é que isso, antes mesmo de eu “conseguir” me chamar de escritor, nunca passara pela minha cabeça. E mesmo com tantas palavras já ditas, foi difícil me acostumar à ideia de assim ser chamado. Hoje, esse é um sonho não sonhado. A realidade que “bateu à minha porta” sem que eu esperasse. Que agora faz com que eu me dedique, ou tente, às minhas palavras. Que obviamente, não são as melhores que podem chegar. Estou longe de ser um Fernando Pessoa, um Mário Quintana, uma Clarice Lispector. Mas amo tudo o que escrevo. Porque em cada linha, em cada vírgula, em cada parágrafo que seja, lá estou eu por completo. Sendo desvendado, interpretado, avaliado. Vivendo... o sonho que eu nunca sonhei.