Amor pra vida toda
50 anos depois
"Sempre acreditei muito no amor, meu caro. Sempre defendi que podemos amar várias vezes na vida. Embora o grande amor seja apenas um. Hoje, acabo de completar 75 anos. E quando fui jovem, bem jovem mesmo, assim como você, quando ainda acreditava não conhecer muito do amor, dos sentimentos e de minhas próprias experiências, conheci alguém. E o amei muito, sabe? Dediquei décadas de minha vida a esse amor. Lutei muito por nós dois. O conheci no Natal. Em pleno 25 de Dezembro. O mais feliz de minha vida. Até ficamos juntos por um tempo. Pouco, se comparado à idade que atingi. Errei muito, devo admitir. Mas fiz o possível e o impossível para ficarmos juntos. Acredito agora que foi insuficiente. Deveria ter tentado mais. Insistido um pouco mais. Escrevi muitas cartas de amor. Mandei vários sms. Liguei. Mesmo separado, de alguma forma, continuei tentando cuidar dele, mesmo que de longe. Até o dia em que, ainda mais frio, ele pediu que eu nunca mais o procurasse. E assim foi feito. O amava tanto que atendi aquele que foi seu último pedido a mim. Não o vejo há mais de 4 décadas. E nem verei mais. Acabo de saber, por terceiros, que ele morreu. Infeliz, creio eu. Sabendo o quanto alguém o amou verdadeiramente. Hoje me arrependo por não ter lutado mais por esse amor. Foi necessário perdê-lo de vez; e chegar próximo ao fim de minha vida, para constatar o quanto errei. Eu queria, muito, poder voltar atrás e fazer tudo diferente. Mas não posso. Não dá mais tempo. Não tem mais jeito. A essas horas, ele já está "bem longe" daqui. Acredito, com convicção, que numa próxima vida nos reencontraremos. Viveremos o amor que essa vida não permitiu. E seremos felizes. Da mesma forma que nessa vida eu desejei. Mas não foi possível. As circunstâncias não permitiram. Talvez, mais uma vez, não fosse a vida certa."