Que seja.

Deu de ombros quando terminou de ouvir tudo o que falei.

A última frase ficou ecoando na minha cabeça, como se eu estivesse analisando cada letra, cada tom, cada intenção, só agora depois de ter falado.

Sua fisionomia me apresentava pena. A minha devia estar corada. Poucos instantes de silêncio aguardando alguma obsena resposta (que não veio) pareceram duas eternidades.

A reposta veio gelada e amarga. E tudo o que eu soube dizer foi “paciência”.

Em tempos confusos onde me perco em intervalos e palavras ditas e não ditas e em bebidas ácidas e em fumaças e músicas exageradas e em pessoas dispensáveis e em poucas cores e até em pensamentos… Nesses tempos ainda me seguro sem forças à um problema que ecoa em mim, como as palavras recém ditas e recém imoralizadas.

Paciência.

Minha cara ainda deve estar corada e eu olho pro chão tentando desviar o olhar de um olhar desdenhoso, que no meu leviano universo não precisaria estar aparente. Paciência eu penso outra vez, sentindo um misto de raiva com tristesa e esperança.

Depois de tanto despir minhas vísceras encharcadas de um sentimento vil, agora juro paciência, constrangido.

Que seja assim, então.