DESAGRAVO
Insigne mestra
A vida ensinou-me que impressões de inimigos não se podem relevar, por lógicas razões. Mas com a humanidade aprendi, também, que “o coração tem razões que a própria razão desconhece.” Estes dois princípios tanto podem apoiar impropérios, quanto replicar o sem sentido. Fica à sua escolha, e aos limites da sua medida, tal discernimento. O meu se limita ao que resumo.
O que seria uma honrosa deferência, por considerá-la uma entre outras educadoras às quais sugeri opinar sobre temática pertinente às respectivas áreas, distorceu-se à turva luz da sua cognição. Sugerir não é impor. Sugere-se algo a quem se supõe algum mérito. E fosse este ou aquele propósito, caberia-lhe o livre arbítrio onde o bom senso reconhece um belo gesto. Quando não, espalham-se das cinzas faíscas d’alma ardente e insegura. Mas, atravessada essa fogueira, entre labaredas saio incólume.
Contudo, em desagravo ao que me fora insinuado, só a duas considerações me atenho, entre outras igualmente supostas: não “pego carona” em tema algum ou de ninguém. Quem de fato me conhece e é atento leitor ao que escrevo, sabe no que me pauto e em quem me inspiro. Jamais no vulgar ou nos que nada têm a dizer-me. A ousadia de uma sugestão partiu da mais reta intenção de que resultou uma infeliz escolha, a que cada qual está sujeito. E são dessas escolhas que se colhem experiências humanas. No meu caso, sem precisar expor-me além do que já faço no nem sempre compreendido ato de escrever. O que sou ou não, não há de comprometer a palavra que uso, a frase que elaboro, o verso a que me dedico. Não faço dos meus escritos uma terapia psicanalista. Também escrevo quando posso e porque gosto; mas, sobretudo, consciente. E quando esta consciência não me é completa, sei exatamente a quem recorrer entre os que direta ou indiretamente me foram ou são verdadeiros mestres. Jamais solicitaria, a quem quer que fosse, elucidação de algo para benefício próprio, especialmente no campo da literatura. Mas de um professor espera-se ideais de educador, para quem o público é alvo. E foi aí que incidiu o meu equívoco.
Não li toda a obra de Lobato. Nem por isso sou incapaz de entendê-la e dela emitir opiniões próprias, distantes de formas e das fôrmas criadoras de clichês em debates vazios. Não sou, nem me é dado ser, nenhuma biblioteca ambulante, mas tenho orgulho do que leio; não em quantidade, mas em qualidade. E aqui, sua insolência força-me sadiamente à imodéstia: se quem me avalia como “leitor de orelhas” houvesse lido pelo menos as orelhas dos livros que li, seguramente seria um ser humano melhor, suficientemente capaz de organizar e emitir as próprias ideias, sobretudo sabendo escrevê-las.
Não exerço ofício de professor; embora, com muita honra, aos 22 anos, tenha-me licenciado em língua portuguesa e literatura brasileira. E, no universo das vocações, reputo o magistério entre as mais nobres, tanto quanto a que dignamente exerço, com plena consciência da contribuição que dou aos meus concidadãos. Para mim, a palavra é a ferramenta de que disponho para o meu desempenho neste ou naquele ato em que a expressão escrita literariamente se adéqua. Pois quem lida com a palavra, deve tratá-la com zelo para não constituí-la o próprio gravame.
Insigne mestra
A vida ensinou-me que impressões de inimigos não se podem relevar, por lógicas razões. Mas com a humanidade aprendi, também, que “o coração tem razões que a própria razão desconhece.” Estes dois princípios tanto podem apoiar impropérios, quanto replicar o sem sentido. Fica à sua escolha, e aos limites da sua medida, tal discernimento. O meu se limita ao que resumo.
O que seria uma honrosa deferência, por considerá-la uma entre outras educadoras às quais sugeri opinar sobre temática pertinente às respectivas áreas, distorceu-se à turva luz da sua cognição. Sugerir não é impor. Sugere-se algo a quem se supõe algum mérito. E fosse este ou aquele propósito, caberia-lhe o livre arbítrio onde o bom senso reconhece um belo gesto. Quando não, espalham-se das cinzas faíscas d’alma ardente e insegura. Mas, atravessada essa fogueira, entre labaredas saio incólume.
Contudo, em desagravo ao que me fora insinuado, só a duas considerações me atenho, entre outras igualmente supostas: não “pego carona” em tema algum ou de ninguém. Quem de fato me conhece e é atento leitor ao que escrevo, sabe no que me pauto e em quem me inspiro. Jamais no vulgar ou nos que nada têm a dizer-me. A ousadia de uma sugestão partiu da mais reta intenção de que resultou uma infeliz escolha, a que cada qual está sujeito. E são dessas escolhas que se colhem experiências humanas. No meu caso, sem precisar expor-me além do que já faço no nem sempre compreendido ato de escrever. O que sou ou não, não há de comprometer a palavra que uso, a frase que elaboro, o verso a que me dedico. Não faço dos meus escritos uma terapia psicanalista. Também escrevo quando posso e porque gosto; mas, sobretudo, consciente. E quando esta consciência não me é completa, sei exatamente a quem recorrer entre os que direta ou indiretamente me foram ou são verdadeiros mestres. Jamais solicitaria, a quem quer que fosse, elucidação de algo para benefício próprio, especialmente no campo da literatura. Mas de um professor espera-se ideais de educador, para quem o público é alvo. E foi aí que incidiu o meu equívoco.
Não li toda a obra de Lobato. Nem por isso sou incapaz de entendê-la e dela emitir opiniões próprias, distantes de formas e das fôrmas criadoras de clichês em debates vazios. Não sou, nem me é dado ser, nenhuma biblioteca ambulante, mas tenho orgulho do que leio; não em quantidade, mas em qualidade. E aqui, sua insolência força-me sadiamente à imodéstia: se quem me avalia como “leitor de orelhas” houvesse lido pelo menos as orelhas dos livros que li, seguramente seria um ser humano melhor, suficientemente capaz de organizar e emitir as próprias ideias, sobretudo sabendo escrevê-las.
Não exerço ofício de professor; embora, com muita honra, aos 22 anos, tenha-me licenciado em língua portuguesa e literatura brasileira. E, no universo das vocações, reputo o magistério entre as mais nobres, tanto quanto a que dignamente exerço, com plena consciência da contribuição que dou aos meus concidadãos. Para mim, a palavra é a ferramenta de que disponho para o meu desempenho neste ou naquele ato em que a expressão escrita literariamente se adéqua. Pois quem lida com a palavra, deve tratá-la com zelo para não constituí-la o próprio gravame.