Pai

Acreditar que teremos a chance de realmente sermos "pai e filho" é, hoje, como imaginar que um dia seja possível voltar a ser criança. Aquela criança sonhadora, forte, esperançosa; que nas transições da vida, se tornou um homem. Sem que você estivesse presente. Sem que você pudesse ver. Sem que você quisesse participar. Esse homem que ainda hoje sofre - apesar de tentar se passar por forte quando me refiro a você - com sua ausência. Com a imensa falta que me fez e ainda faz seu amor e seu carinho. Talvez a culpada seja a vida. Talvez você seja o culpado. Ou talvez o culpado hoje seja eu. Por, diferente daquela criança de tantos anos atrás, não ter força, ou coragem mesmo, para te procurar. Pra dizer que o ama. Que o quer do lado. Mas as circunstâncias foram as mais diversas, não? E esse tempo se passou de tal forma, que espero não me arrepender por ser vítima primeiramente de tudo o que me causou; depois, da dor que eu estou me causando. Por não saber como seria procurá-lo tantos anos depois. Tentar resgatar esse amor paternal que não sei onde se perdeu. Se realmente se perdeu. O que espero hoje é, ser chamado de pai! Muitas vezes! Mas acima de ser chamado de "pai", quero ouvir meu filho o chamando de "vovô". E como já afirmei antes: ainda quero ver você brincando de avô com meu filho, lá no tapete da sala de estar.

TJ Torres
Enviado por TJ Torres em 10/10/2012
Reeditado em 11/08/2013
Código do texto: T3924768
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