Sobre o que te fiz...
Sobre o poema que te fiz...
Ao Sr. Petro
O poema não espera respostas. O poema não faz pressão, não sente saudade, não deseja afetar. O poema entende tua superficialidade. O poema não é seu. O poema se apropriou de sensações inventadas. O poema conhece tua distância, teu silêncio, e protege o meu, embora grite. O poema é conformado como as plantas, acontece desacontecendo. O poema é espontâneo, é verdadeiro, é fantasioso. O poema é uma contradição. O poema compartilha sentimentos, ou não. Faça o que queres com ele, talvez nem leia, tão inútil os documentos! O poema sou eu, um plural de sentimentos, enclausurada à unidade do restante.
Há algo em mim que sempre permanece resignado. É esse pedaço que te encontra, invisivelmente. É esse pedaço que me reconheço em ti, calmamente. E agora como vamos? Seguindo os fluxos, coberto de brisas, pessoas bonitas. Seguimos sorrindo, preguiçosamente. Em alguns raros instantes lembramo-nos um do outro. E então a lua se retira para dormir. Levando consigo os doces sonhos da ilusão. O mundo é grande, e não cabe na janela do meu quarto...
Assim inconcluo. Como quem vira as costas e vai. Porque nada mesmo se conclui, nem a vida, nem a morte. O mundo tem suas próprias pernas. Procurar e questionar já não fazem parte do vocábulo. Percebi a vida dispersa, fazendo mais sentido na junção dos pedaços. Fico feliz que seja assim. Nosso destino, o destino das marés.