CADERNOS DE HAIDIAN – 8: TIAN’ANMEN, CIDADE PROIBIDA E BANCO MUNDIAL

Quarta-feira, 03 de Outubro de 2012

O email da “Peking University African Students Association” fixava claramente a mudança da agenda: nada de “Great Wall”, que tal uma visita à Tian’anmen Square? Tão-pouco era uma pergunta, estava definido e pronto final! Apanhámos o autocarro em frente do edifício Shao Yuan nº 7. Todos afros, 12, cada um sentado em seu próprio conforto. Zarpámos. Pequim estava ‘desmovimentada’. Tento imaginar o que seria de Moçambique durante uma semana (inteira) de folga: não é possível! “Once upon a time in China” – esses sim sabem enaltecer a independência. 7 Dias de celebrações que coincidem com festival de Outono. Em 7 dias, Moçambique, que já é um estado falido (não falhado), entraria em colapso.

Lá estávamos nós na abarrotada Praça Tian’anmen (por favor, googlem sobre o local, não poderei escrever nesta página a história deste espaço emblemático). A praça estava inundada de chineses. Poucos estrangeiros, pouquíssimos negros: apenas nós, 9! Passámos também a fazer parte da atracção. As fotos choviam. Solicitavam-nos para posar com uma criança, uma adolescente, um tiozinho velho. Lá faziam facetas risonhas os meus colegas. Eu não! Não sou nenhuma atracção, já bastou o meu conterrâneo gigante de manjacaze. E fomos tirando fotos colectivas, odeio ser “photoshooted”, mas tive que sorrir de braços entrelaçados.

Seguiu-se o Parlamento Popular, o “Mao’s Memorial”… e quando eu dava por finda a expedição, eis que do nada surge a Cidade Proibida (não foi nada assim, do nada não). Entrámos. Milhares e mais mil chineses. É comovente como eles impulsionam o turismo doméstico. E o que fazemos nós com as ruínas de Ngungunhane, Manyikeni, ou Xefina, etc. …? Pouco (nada). Atravessámos os átrios do palácio com uma certa pressa. O cansaço e a fome causavam-me enxaquecas. As altas paredes circundadas por uma vala quase impenetrável ficaram para trás. Fiquei com o resto do dia para reflectir sobre uma manchete do “Moçambique Hoje”: «Banco Mundial diz que investimento nas minas não cria emprego em Moçambique».