CARTA DE AMOR ( 23 ) Para o Diário

Querido Diário

Finalmente lhe encontrei. E como lhe procurei!! Já não sabia mais onde, até que vi aquela caixa bem fechada em cima do armário. Tinha uma cara de guardada há muito tempo. E, BINGO, não deu outra coisa. Lá estava você, guardadinho, já  amarelo pelo tempo.
Como faço nos dias de chuva, sentei-me em meu quarto e o estou desfolhando. E muitas recordações encontrei.
Preciso disso para me reencontrar, pois não sei onde foi parar parte de mim, pois o corpo está inteiro, mas a alma e o coração pela metade. Pois apenas isso justifica a dor que sinto.
Mas, voltando aos achados, encontrei as fotos da formatura do Ensino Médio. Lá estava aquela jovem que sonhava em ser Nutricionista, cheia de ideais e ideias para revolucionar o mundo. Pura ilusão.
Achei também as fotos das primeiras festas e bailes que fui nesse período, em que podia sonhar em ser feliz, até compreender que felicidade é apenas composta por momentos, pois ninguém é feliz o tempo inteiro.
Reli as cartas e mensagens das colegas do pensionato, depois que passei no vestibular. Tempo bom aquele. Um alarido sem fim, noites em que mal dormia, pois o livro estava sempre no peito, em dias de provas. As luzes sempre acesas com as colegas voltando dos estágios ou das farras. Farras que eu nunca participava pois tinha medo de viver inconsequentemente, como ainda tenho.
Revi as lembranças da festa surpresa de aniversário, pois pela primeira vez estava fora de casa. Lágrimas e bolo na garganta de tanta felicidade.
Lembrei-me da bronca das freiras que sempre queriam saber onde eu estava, pois tinham contas a prestar na minha casa. Mal sabiam elas que se eu quisesse tinha gente suficiente para fazer a perdição. Tudo era uma questão de escolhas.
As amigas eram as mais variadas possível. Todas com seus problemas do coração, religiosidade, sexualidade, financeiros, intrigas, preguiças, tudo o que se podia imaginar. E foi assim que aprendi a conhecer as pessoas e a respeitá-las como elas são. Por isso todas as pessoas são iguais para mim. Quando não consigo conviver, me afasto, mas a culpa é minha por não encontrar uma forma adequada de adaptação. Mas prefiro me afastar a magoar a pessoa e magoar-me ainda mais.
Querido diário, já lhe encontrei e já estou preenchendo as suas páginas em branco, pois as lembranças precisam ser registradas para a posteridade. De repente, eu viro uma escritora famosa do Recanto das Letras e tenho que me dar a conhecer. Assim começo hoje esse novo tempo de registro.
Agora estamos juntos novamente e muito coisa boa e ruim você vai ter de mim.

Beijos de sua

Estrela Radiante
"Imagem do Google"
Regina Madeira
Enviado por Regina Madeira em 04/10/2012
Código do texto: T3915728
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