CONVERSANDO COM AMIGOS – BATE PAPO 2
– BATE PAPO 2
Mário Feijó, conversando com Zezé (ex-mulher do segundo casamento, com a qual tem uma filha de 25 anos), sobre as netas (as dele filha de um dos quatro filhos do primeiro casamento) as quais cria sozinho, depois da morte de sua última companheira (com a qual viveu cinco anos e sete meses), em decorrência do acidente que sofreram no dia de natal de 2011. Uma das meninas está com 13 e outra 14 anos incompletos. Mas também sobre suas vidas e a forma como as encaram.
Mário Feijó: - Eu tenho ensinado a elas mais que depender de alguém ou dos outros... Tenho-as ensinado a serem livres.
Maria José: - É mas estão muito dependentes de você. Mas penso que com a idade que têm é assim mesmo. Ainda mais sem o pai e a mãe por perto. Bate uma insegurança.
Mário Feijó: - Pois é a carência e a insegurança que ainda sentem. Isto só o tempo as ensinará a vencer...
Maria José: - É sim... também ainda são adolescentes... E têm tempo...
Mário Feijó: - É verdade. Além disto penso que não é hora de voltar à Florianópolis... talvez nunca mais seja a hora de eu morar aí...
nem aqui, mas tenho que descobrir meu lugar no mundo e cuidar de mim (falando sobre o fato de eu ter saído da minha terra natal e hoje morar no Rio Grande do Sul).
Maria José: - É isso só você pode saber... Muitas vezes cuidar da gente mesmo é estar perto de quem a gente quer, e não se afastar... mas como conheço você...
Mário Feijó: - Há controvérsias.
Maria José: - Fugir de problemas nunca foi solução. Acho que as mesmas coisas que nos trazem problemas também podem trazer alegrias... assim é a vida
Mário Feijó: - Eu não estou fugindo dos problemas... estou fugindo das pessoas que me causam mais problemas, só isto. E ninguém me dá nada, carinho, amor, amizade. Então não há motivo para estar perto dos que amo. Longe aprendemos a nos amar com mais respeito. Quem sabe?
Maria José: - Ah! Você Mário às vezes dá vontade de puxar suas orelhas (risos), mas é assim, né?
Mário Feijó: - Nestas questões eu depois das "porradas" não faço mais concessões.
Maria José Nunes Pires: - Até parece!
Mário Feijó: - a Luiza (esta é a filha que temos em comum e que tem agora 25 anos) é a única que está ainda usando um pouco as concessões que restaram, mas se pisar na bola, vai pro mesmo balaio... Aí então vou pro outro lado do mundo ou pro outro mundo... (risos)
Maria José: - Nossa!
Mário Feijó: - É verdade. Não acredito mais que alguém possa fazer algo por mim... Só eu é que ainda faço algo pelas pessoas.
Ninguém me fará nada, se não for por dinheiro...
Maria José: - Ai Mário... Você se fechou completamente para as pessoas. Já era fechado e voltou a ser. Você pode ser mais feliz. Está sempre em dúvidas, as pessoas erram, todos erramos, você precisa ser mais receptivo... fica sempre com dois pezinhos atrás... E você é uma pessoa boa.
Mário Feijó: - estou com os quatro agora... (risos). Eu não espero mais nada de ninguém... só que não é por isto que eu não vou fazer algo pelos outros ou por mim... Continuarei com a minha essência. Só que não espero mais nada dos outros. Aprendi que os seres humanos são assim: egoístas...
Maria José: - Entendo.
Mário Feijó: - sejam amigos (que não tenho nenhum. Os que se dizem amigos, não passam de conhecidos, gente que gosta de mim e de quem eu gosto, mas nada fazem por mim...) ou parentes, todos agem da mesma forma... a essência humana é o egoísmo e eu não cobro mais nada de ninguém. Não é por isto que eu vou desacreditar na raça humana... só que estou aprendendo a conhecer melhor este "animal"... todos os outros animais são previsíveis... este não, o ser humano é imprevisível quanto aos sentimentos, atitudes...
Maria José: - eu não me sinto egoísta... como é que é sentir que alguém faz pela gente? quando é que se percebe isso? Nem sempre as pessoas fazem como a gente queria, mas tem sua forma de fazê-lo...
Mário Feijó: - quando alguém te telefonar ou te procurar, por exemplo, só pra perguntar: "como estás"? está tudo bem?
Maria José: - é isso bom né... (risos)
Mário Feijó: - quando foi a última vez que alguém fez isto pra ti... Pense sobre isto...
Maria José: - hoje. A Marlete (uma colega de trabalho).
Mário Feijó: - estas pessoas são especiais. Conserve-as. Eu faço isto. Sempre ligo, mas nunca me ligam. Nem estas pessoas que estou sempre cuidando, visitando me ligam. Seja aniversário, natal, ou num lindo dia de sol, somente pela saudade, ou por me amarem...
Maria José: - sim. São sim...
Mário Feijó: - ligo pras pessoas só pra perguntar como estão, mas geralmente ninguém faz isto. Só o fazem quando há outro motivo,
mas isto não é razão para eu não fazer o que sempre fiz, sou incansável nisto... Já somos seres solitários. Dentro de nós só nós moramos e só nós podemos nos compreender. Ninguém entende a dimensão de nossas dores, e você já viu aqueles em que você chega dizendo “eu ando com uma dor de cabeça”, por exemplo, e aparece uma pessoa que sempre tem algo pior, ou ela mesma, ou então conhece alguém que por ter uma dor assim morreu... Gostam de falar de desgraças de doença. Afaste-se delas para não ser contaminado (risos)...
Maria José: - Você é muito inteligente e está num patamar mais alto... as pessoas, na grande maioria, não estão assim nesse patamar de aprendizado... ai fica diferenciado... e você acha sem graça todas estas pessoas então fica sem paciência e acaba se isolando...
Mário Feijó: - não é bem assim... eu tenho uma compreensão mais ampla do mundo e do ser humano, pois alio à minha inteligência a percepção sensorial e espiritual do mundo... Então, isto de uma certa forma me isola.
Maria José: - mas isso é perceptível.
Mário Feijó: - além disto o meu amor pelas pessoas vai além da compreensão e do entendimento dos outros.
Maria José: - é verdade foi isso que quis dizer. Diferenciado
Mário Feijó: - Ontem uma pessoa me disse que eu tenho uma percepção muito feminina da vida... Isto não me incomoda, porque a pessoa não sabia explicar direito, só sabia que era diferente da dos homens e ele por ser um ex-militar, provavelmente se sentia incomodado com a minha gentileza e delicadeza, não muito comum nos homens. Eu resolvi me aceitar como sou e hoje convivo bem com isto...
Maria José: - isso é verdade.
Mário Feijó: - penso que é por este caminho a compreensão da bondade e da caridade humana e isto me isola.
Maria José: - Pode ser.
Mário Feijó: - porque algumas pessoas ficam com medo de me amar, outros não me compreendem, e outros além de me isolarem me condenam...
Aí os que não compreendem me odeiam, como a C., mas minha essência é boa.
Maria José: - a C. não te odeia... Ela acha que você a odeia. Ela morre de vontade de estar e receber você... vocês (tu e ela) não demonstram amor. Nenhum de vocês... nem no olhar o carinho que sentem o amor que sentem e isso é fato...
Mário Feijó: - eu só fiz uma frase sobre ela...
não quero fazer um tratado, pois o assunto está esgotado.
Maria José: - você nunca foi carinhoso, de abraçar de apertar, de beijar... de demonstrar eu senti isso na minha pele... risos, mas podia pensar a respeito... hoje você demonstra tudo através do carinho que tem com as duas netas....
Mário Feijó: - engano teu...
Maria José: - ok. Tudo bem estou querendo ajudar apenas.
Mário Feijó: - eu só não fazia isto por causa do teu ciúme.
Maria José: - Pode ser...
Mário Feijó: - então como não fazia com os outros, para que não pensassem que eu só não fazia com eles, também não fazia contigo... e virou uma coisa que tu não entendeste, mas foi o jeito que achei para contornar toda a situação entre filhos do primeiro casamento e você...
Maria José: - mas eu era tão tola não é? mas ainda é assim e eu agora entendo perfeitamente. Não julgo nada mais. Aceito apenas. Se precisar estou sempre aqui, e obrigada por ontem e hoje também, pois melhorei muito com suas orações e energias...
Mário Feijó: - eu mando tudo pros meus mentores celestiais. Eles são maravilhosos sempre...