O Retorno de Saturno e nós.

Como dizia a música no carro a cem por hora: você não sai do meu pensamento. E te confesso um enorme pedido de desculpas, por não queimar as páginas da história linda de seis dias com você. Eu confesso também que estava interpretando bem o meu papel de cara feliz, vivendo bem, disfarçado, seguro, até você. É que ontem, depois de tanto tempo, e depois dos cinco dias juntos, eu nunca tinha reparado em como éramos feitos um pro outro. Mas eu sempre tive tendência ao erro, e percebi talvez tarde demais, ou talvez não deveria sequer ter percebido em algum momento, porque era a última vez, era o último beijo e eu sabia. E nem desespero bateu, porque foi uma das melhores noites da minha vida e com pesar e um sorriso disfarçado, assumo que nunca vou esquecer. A ficha não caiu até eu acordar hoje sem notícias suas, como se você fosse um príncipe de contos de fadas, que desaparece ao sol raiar, sem deixar vestígios. Mas quando me olhei no espelho, vi um reflexo de nós. Eu já não era mais eu, eu era você também. Foi isso que me fez querer quebrar aquele vidro maldito e gritar que você era um estúpido, ridículo e que, embora tinha passado a última madrugada em seus braços, eu já morria de saudade. Eu sempre morri de saudade de você, mesmo quando estávamos juntos. E enquanto eu tinha toda a inspiração jorrando em mim, abri o vidro do carro e gritei a música que tocava. E você só fazia caretas de desconforto e dizia que eu te assustava sempre. E na sua cabeça, você não pensava em nada além de como você adorava minha presença. Então, porque assim? Porque fechar a porta e impedir a luz de entrar? Talvez eu morra sem entender, talvez você me faça não pensar mais nisso no futuro, quando casarmos e tivermos nossa vida, nossa casa, nosso amor. Porque você disse ontem que talvez, quem sabe, um dia, talvez, quem sabe, talvez… Eu quero te confessar também, que a viagem que fizemos foi longa, inesquecível. Mas olha pra gente, você também viajou em mim, eu viajei em você. Eu sempre te achei lindo, inexplicável, como os anéis de Saturno. Mas como diria a música também, Saturno tem retorno e você? Vai retornar? Ou quem sabe, talvez, um dia… É que entre a estrada e o céu, que são minhas únicas paixões da vida, encontrei você, segurando minha mão, me protegendo de fantasmas que não existem e eu, abrindo meu coração confesso, não dei adeus à você, dei adeus à melhor história que já vivi, à melhor parte que eu já conheci de mim mesmo. Foi ontem, pareceu um sonho. Eu me perdi de tudo o que sempre fui, pra ser tudo o que você sempre quis. Funcionou. Acabou. A vida é provisória, nós fomos provisórios, mas eu nunca mentiria sobre como me sinto. Confesso, eu tô apaixonado por nós.

Leo Freitas
Enviado por Leo Freitas em 01/10/2012
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