A socialização manda lembranças
Morada Nova-CE, 16 de julho de 2002.
Queridos(as) porofessores(as)
Durante todo o curso de Pedagogia há a aplicação de palavras distintas que, inseridas em um contexto, traduzem teorias que devem ser aplicadas na prática pedagógica. Entre tantas, a “socialização”, é uma das mais exploradas. Socializar-se, diante de sua abrangência, considerando aqui a postura de um professor, significa saber lidar com as diferenças, conviver em sociedade, conhecer-se como um ser infinito perante a humanidade e pronto à convivência com outros seres visando sua infinitude; saber difundir sua cultura para que esta seja disseminada de forma positiva e figurar como um espelho para outras gerações. Nenhum ser pode, principalmente o professor, trancar-se em uma redoma e reter para si suas idéias e conhecimentos, guardá-los como se estes fossem de sua propriedade particular, esquecendo-se que o verdadeiro educador é aquele que repassa sua cognição, possibilitando enriquecimento a outros grupos.
Socializar transcende o eu, propiciando ao outro o respeito, pelo menos isso! Porém, é lastimável quando deparamos com pessoas que pouco sabem aproveitar sua estada em um curso tão importante quanto à pedagogia. É lamentável ainda deparar-se com esse desrespeito até em um simples gesto de se jogar um papel no chão – isso é falta de respeito e de educação. O básico dos ensinamentos deve ser retido na memória para a prática docente. É difícil imaginar um educador em sala de aula falando em socialização se este é incapaz de conviver de forma harmoniosa em um grupo ou mesmo inserir-se em outro. Não se concebe alguns se condicionarem a isso e, como burros acuados embaixo de uma moita, não resistirem às pressões externas e não exporem um desejo de mudanças, ficando na mesmice, impotentes para contribuir com as transformações, principalmente as sociais.
Praticar a socialização deve ser uma das tarefas essenciais nas atitudes de um pedagogo, caso contrário, ele estará sendo um hipócrita contraditório ao seu juramento. Se a pedagogia estudada não foi suficiente para transformar seu pensamento retrógrado, como ele pode se prestar ao papel de promover um censo crítico em um corpo discente? É inconcebível e vergonhoso ouvir de um professor a frase feita: “não se fala em política em sala de aula”. Este discurso difundido pelos que detêm o poder econômico não pode ser uma estratégia para que o professor saia pela tangente e seja omisso em seu objetivo de ensinar socialização. Com essa atitude naufrágica da educação, ele demonstra covardia diante de sua falta de conscientização, e com isso, não promove o sentido social de felicidadania, tão difundido em seus discursos teóricos e tão pouco praticado em sua docência.
Socializar é muito mais do que somente está junto de alguém ou de muitos, é saber mexer com as consciências e promover interrogações para a quebra de velhos paradigmas e liberar a formação de novos valores sociais.
Um grande abraço do amigo Gilnei Neves Nepomucen.