Na solidão da dor

O que é pior? O que pode ser mais devastador? Sofrer junto ou sozinho? Eu sei o que quero, e tudo o que preciso. A cada dia que me notam, as pessoas ao meu redor me lembram de tudo o que eu tenho que fazer. As atitudes que tenho que tomar. Mas o fato é que todos os caminhos que trilho, todas as historias que tento começar, me levam ao mesmo destino. Às mesmas lembranças. Ao mesmo falso sorriso. Ao amor declarado, talvez nunca sentido como deveria ter sido. Aos sonhos de toda uma vida. Às esperanças que tento desesperadamente me apegar. Para não desabar. Para não cair. Mas aí entro em outra. Já desabei tanto, já caí tanto; que esse já não é meu medo maior. Meu medo é desabar e não ter forças para levantar. E se acontecer sei que terei pessoas para me dar a mão, tentar me apoiar, me resgatar. Mas quem há de garantir que eu vá conseguir? Sua ausência só faz com que aumente ainda mais tudo isso que sinto. Mesmo sabendo que se voltasse a viver essa mesma historia, estaria me condenando a sofrer ainda mais. A ver repetidos todos os mesmos filmes. E nesse ciclo sem fim, continuo sem saber por onde começar a reorganizar essa bagunça que virou minha vida. Minha historia. Os meus caminhos que mesmo sem querer me levam até você. Impedem-me de te esquecer. Mesmo eu tendo a plena consciência que é isso o que tenho de fazer. Para não enlouquecer. Para não continuar a me perder ainda mais. Para reencontrar o que há muito já foi perdido. Porém, nunca esquecido.