Secreto Irreal

O sabor agridoce de olhar em teus olhos é a minha maior dor, contudo é, também, minha maior paixão. Corta-me a alma amar-te nessas proporções, pois no meu íntimo eu sei (se é que de algo eu realmente tenho ciência) que é impróprio, improvável e impossível. Ah, os "ins" dessa vida que nós sentimos mas não vemos sentido! Queria eu, ah, e como eu queria!, pode ver através de suas palavras e ouvir o que há por trás do seu toque; não só sentir seus lábios, mas como agradaria-me poder tê-los! Decifrar cada miúdo, desvendar cada mistério, mais profundamente do que o próprio beijo.

Nada daria para saber o que tu, ó razão da minha insignificante existência, pensas ou o que sente quando me vê. Porque eu, tola como só, eu disparo, eu deliro, eu derreto (e todos os outros "dês") ao ouvir o suave timbre da sua voz, inconfundível; ao sentir o calor que tu emanas, exclusivo; ao olhar nos teus negros olhos, penetrantes e profundos... Eu, tola como só, tão apaixonada quanto esquecida, aqui escrevo, meu amor, sabendo que jamais descobrirá e reforço, outra confusa vez, através de minhas palavras bobas e soltas, que não formam um poema, uma poesia ou sequer uma carta, o meu nada, que é tudo, seria vazio sem tua perfeição para preenchê-lo!

Se soubesse o que é amor,finalizaria o eu te amo. Contento-me, no entanto, dizendo apenas que este deve ser o amor, aquele que acaba, que confunde, ameaça e machuca muito, mas que não pode ser negado e que, de verdade, existe.