Julgamentos

"Julgamentos" - já não os temo mais! Em minha vida já fui levado ao "banco dos réus". Fui julgado e condenado. Pela vida, pelo amor e por quem amo. E minha penitência é das mais pesadas. Conviver com todo esse amor. Com toda essa dor. Com todo o reflexo de uma historia que teve de acabar. Reflexo! Bom tocar nessa palavra. Hoje em dia, ao me olhar no espelho, já não me reconheço. Nem me conheço. Não saberia descrever o que sinto nesses momentos. Antigamente, era com imensa alegria que me olharia cara a cara. Que me encararia sem medo algum do que poderia se voltar contra mim. Quando me questionaria e teria todas as respostas na ponta da língua. Mesmo quando cada espelho que eu olhasse quisesse zombar de mim, rir de mim. Eu era forte, talvez mais sábio. Mas o tempo passou e muito se perdeu. De minhas perdas, a mais sentida, foi a de minha serenidade. Uma parte de toda aquela inteligência. De toda aquela maturidade incomum para alguém ainda tão novo. Tão inocente. Tão crente de tudo e de todos. Tão certo de si e de tudo que almejava à sua vida. É muito, mas muito estranho "acordar" hoje, com quase 30 anos nas costas, e ver que tanto se perdeu. O tanto que violentamente foi tirado de mim. Sem a chance de me "defender". Sem nem ao menos poder recuar. Fugir mesmo. Mas mais uma vez, que ironia, ninguém pode fugir de si mesmo ou de seu destino. Temos de encarar, temos de aprender. Temos que tentar resgatar ao menos uma parte do que ficou lá atrás. Temos que mudar! E mudar nunca foi fácil. Esquecer menos ainda. Mas tentamos não é? Uma hora, quem sabe, pode ser que consigamos. Quando tudo simplesmente chegar ao seu final. Ou ao seu começo. Quando nos vemos obrigados a começar tudo outra vez. Como se fosse a primeira ou mesmo a última vez.

TJ Torres
Enviado por TJ Torres em 30/09/2012
Reeditado em 01/10/2013
Código do texto: T3908250
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