Cartas que nunca chegarão ao destino (nº 02)
Desistir!
Já pensei em desistir de tudo, não falo de desistir da vida, isso nunca me passou pela cabeça. Nem mesmo nos piores momentos que passei. Pensei em desistir de mim mesmo, de me esforçar, de compreender o mundo, desistir de amar. Mas percebi que desistir de tudo isso é mais difícil que recomeçar. É impossível viver sem pensar, sem compreender o que nos rodeia. Até as plantas precisam entender o ambiente que as cerca, pense no Ipê, lindo, robusto, resistente... mas ele sente as mudanças do clima e perde suas folhas como proteção contra o tempo seco. Fica feio. Desnudado. Parecendo frágil. Então se enche de flores! Espera as chuvas. Espalha suas sementes. Se revigora e aguarda o novo ciclo.
Assim sou eu. Passo por um momento difícil agora. Só um momento e nada mais. Já passei por vários outros e ainda estou aqui te escrevendo outra carta que nunca lerás.
Desistir de amar? Não! Não sei quanto tempo este clima quente e seco irá durar, mas sei que vai passar e quando as chuvas me trouxerem as alegrias que já vivi em outras ocasiões, eu possa me encher de folhas novamente...
Sei que desistir é o caminho mais difícil a se tomar por quê no final dele já sei que existe o nada, mas continuar em frente me dá esperanças. A esperança de que há algo desconhecido. Bom ou ruim? Ninguém sabe!
Apenas continuarei seguindo meu caminho. Sentirei frio, fome, medo, cairei, levantarei, mas continuarei atrás deste sonho. Seguindo este caminho. Sozinho ou acompanhado. O mesmo caminho em que você decidiu ficar pra trás, sentada sob a sombra de um Ipê.