Meu grito de liberdade

Tanto se passou, tanto aconteceu. E as consequências continuam me perseguindo. Fazendo-me um prisioneiro de tudo aquilo que eu queria escapar. Fiz tanto por nós dois. Continuo de alguma maneira tentando fazer. Mesmo sabendo que não há mais volta. Mesmo com a nítida impressão de que seja eu que não queira mais volta. Afinal, quem seria tão louco ao ponto de se permitir sofrer o mesmo por várias vezes? Bem sabemos, nossas idas e vindas foram tantas, não é? Hoje o que sei é que convivo com a minha maior ironia. Aquela história me fez tão mal quando acabou. Continua fazendo. Então, tudo o que está acontecendo era pra ser o inverso. As procuras, as palavras, as lágrimas. Você nunca se deu bem com as palavras, lembra? Apesar disso, quando estávamos bem, me proporcionava as mais lindas leituras. Ainda me lembro de - ainda tenho - uma carta que você me escreveu. Ainda me lembro do primeiro sorriso, do primeiro abraço, do primeiro beijo. Da nossa troca de alianças, das nossas trocas de carícias. Das nossas promessas. Parecia tudo tão real. Foi de certo modo. Um sonho lindo como aquele não duraria tanto tempo. Não me permitiria pensar tanto, lembrar tanto, me martirizar tanto. Mas como já falei, que triste ironia, não? Por tudo o que aconteceu era pra eu estar lendo palavras como essas. Era pra eu ser o procurado. Era pra eu ser o "investimento". Investir! Por certo tempo eu apostei e investi em você. E olha só, paguei e continuo pagando um alto preço por essa aposta. Por minha escolha. Desde a primeira briga eu sempre soube que seria uma árdua batalha te trazer de fato à minha vida. Momentaneamente eu consegui. E enquanto eu ainda dizia somente "sim", enquanto eu ainda procurava com toda aquela loucura, enquanto era eu que aceitava tudo o que acontecia, deu certo. Quando o jogo se transformou, quando a roda gigante da vida girou, quando eu cansei de ser o "chão", tudo se inverteu. Começou pouco a pouco a se desgastar. A se aproximar do fatídico e doloroso final. Mas sabe que até hoje eu não consigo acreditar que tudo aquilo tenha chegado ao seu final? Por um lado me livrei de quem estava me fazendo mal. Por outro, adentrei nessa prisão. O que ficou foi exatamente o "que" me faz mal. Esse amor que não encontra a porta de saída. Não sai desse labirinto que se tornou amar você. E as esperas de que um dia, quem sabe, ao ler algumas de minhas palavras, elas atinjam seu coração. Façam-lhe ver que não fui eu quem perdeu. Que não sou eu quem continua perdendo. Você se entregou a novos sorrisos, novos abraços, novas "palavras". Mas será que cada um deles não passa de uma grande farsa? Um modo de você não se sentir sozinho? Você odeia ficar sozinho, lembra? E por um tempo, mesmo comigo, você esteve sozinho. Nos momentos em que essa venda não tampava meus olhos e eu podia enxergar claramente quem você é, ou quem "representava" comigo. Hoje te desconheço. Não sei mais quem é você. Não sei mais quem eu sou sem você. Não posso nem dizer que esteja feliz. Afinal, toda dor que chega me remete exatamente ao momento em que mais amei, sofri e chorei em minha vida. Quando ainda acreditava que o "nós" nos levaria a algum lugar. A mim levou. A um abismo sem saída. Do qual não consigo sair e nem descobrir onde se encontra o seu fim. Esse fim que eu ainda espero que seja o recomeço de algo grandioso. Sem falsas promessas, sem falsas palavras. Sem você!

TJ Torres
Enviado por TJ Torres em 27/09/2012
Reeditado em 03/11/2015
Código do texto: T3903330
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