Uma Presença

A hora que o vazio chega não tem jeito. Não há escapatória. Não há outra escolha senão esperar que passe. E não digo agora do vazio de sentimento. Ainda há muito dele aqui comigo. Ele sempre me acompanha. O que falta mesmo é o preenchimento que ocorre com a presença de alguém especial. Mesmo sabendo o quanto podemos ser especiais. Mas ser especial apenas a um, ou a outro, às vezes não nos basta. Sempre tem aquele ser que faz nosso coração bater mais rápido, as mãos gelarem, as pernas trepidarem, faltar o ar. E esperança renascer. É dessa falta que agora falo. Alguém que me dê a mão e assim toque meu coração. Alguém que me olhe nos olhos e saiba o que sinto sem ser necessária uma só palavra. Alguém que me encoraje a seguir adiante. Alguém que me faça sonhar acordado. E sentir que estou “acordado” ao sonhar. Alguém com quem eu não precise sonhar tanto. Mas voltar a viver uma realidade. A tão aguardada realidade. Em que eu tenha encontrado a tal da felicidade. Há tanto esquecida. Talvez adormecida. Que me obriga a estampar um sorriso nos olhos quando a alma chora em silêncio. E ninguém é capaz de ouvir. Poucos são capazes de sentir. E assim vou vivendo. Querendo ou não, de maneira farsante, às vezes mascarada. Afinal, ninguém que nos ame gostaria de nos ver tristes, mal ou o que quer que seja. E para não transparecer a dor a quem não goste de nós ou a quem não mereça saber, ficamos em silêncio. E assim permanecemos. Em absoluto silêncio. Quando o coração continua batendo. Mas a alma? Essa se encontra cada vez mais distante. Como se estivesse, a cada novo instante, morrendo aos poucos.