CADERNOS DE HAIDIAN – 6: PINYIN

Quinta-feira, 20 de Setembro de 2012

«Que tal as pitas?» Eis a primeira questão que tenho que responder. Assim são os amigos. Assim são os homens. Sorrio. Rapidamente respondo: «É, existem às bananas!» Mas não me atrevo a apanhar dos cachos!

Vivo do café e dos croissants. Às vezes (muitas vezes) resta-me muito pouco tempo para ir até aos restaurantes. Gosto do chá do meu amigo queniano. Trabalha no gabinete do presidente. É um fanático pelo desporto. Se não fosse um funcionário público, tenho a certeza de que teria estado ao lado de Ezekiel Kemboi (estrela do atletismo) no Estádio Olímpico de Londres. Mas o chá só é servido lá pelas 10 da noite.

As aulas parecem-se com uma lavagem cerebral. «Vê lá se não voltas com ideias comunistas!» Não, não voltarei! Que raio! A China não é comunista, é uma “democracia centralizada”! E vê lá tu onde eles estão, bem sobre o pescoço dos EUA. Até batem-se com os japoneses pela posse das ilhas Senkaku (Diaoyu). O que não faz petróleo…

Aprender mandarim não é tão fácil assim. Deve ser por isso que o aprendizado do complexo ideograma oriental estimula o lado direito do cérebro. Até agora conheço apenas algumas palavras. É terrível aprender uma língua sem um alfabeto. Quando o entardecer chega, não é no vasto jardim que me sento para decorar as sílabas do pinyin (método de romanização do chinês), é no jardim bem perto da estátua de Cervantes. Aí sinto-me “empaz”. Com ele posso sorrir!