CADERNOS DE HAIDIAN – 5: A SEGUNDA MARAVILHA DO MUNDO
Sábado, 15 de Setembro de 2012
Estava agendando para ser um grande dia! Às 7:45 o meu colega bateu de leve à porta do meu quarto. Eu ouvia “É para rir ou chorar”, de Gabriel o Pensador. (Essa tradição não me sai dos mandamentos!) Ele, coitado, não percebe português! Não achou graça ao ritmo. «Are you ready», perguntou ele. Não estava. Não sabia onde estavam os óculos de sol. O imenso autocarro intimidava. A luxeza era excessiva para duas dezenas de estudantes estrangeiros. Mas os chineses não se importam, buscam a excelência em tudo o que fazem, pelo menos aqui. Depois que a Sabrina fez o “check-out” das faces ensonadas, Lin Xuanyu iniciou a narrativa de “Era uma vez na China”: a fundação do Estado, as gerações de imperadores, Qin (que se pronuncia «Chin») e Ghengis Khan, etc. O trajecto duraria hora e meia. Durante a andada, os edifícios impunham-se uns aos outros, iguais e distintos, “flats” atribuídas gratuitamente ao povo nos idos anos 90. O “Ninho” olímpico era uma atracção menorzinha. Pequim é um museu vivo com o qual se deve aprender. Pequim é imitável! Uma selva de cimento, literalmente: o verde envolve a cidade com uma paixão artística. Pictural.
Adiante estava a Segunda Maravilha do Mundo Moderno, a famosa A Grande Muralha. 20 Mil quilómetros de calcário e cimento. Pedras e paredes! Uma paisagem inesgotável. Um retrato de encher os olhos e a alma! O sonho da imaginação! Da “Station of Mutianyu”, duas direcções, “East” ou “West”. Duas horas de colonização, de luta e ladeiras! Escadas e torres! No topo, a inscrição: “Não terás sido um herói nem conhecerás a verdade antes de teres estado na grande Muralha!” Soldadesca de turistas! “Almost there!” Cheguei ao topo da torre mais alta! Um orgulho recusado pelas pernas trementes. Um feito que me valei uma medalha. Deixei o meu nome lá escrito.